31.8.08

DORES E PRAZERES

Quero, não quero. Quero, não quero. Quero.

Na me lembro se já comentei que um dos livros que mais me chamaram atenção este ano, foi de uma escritora francesa chamada Muriel Barbery. O livro editado pela Companhia das letras aqui no Brasil se chama “A elegância do ouriço”. O que me agrada muito no livro é seu modo de descrever e narrar as situações com extrema delicadeza e minúcia, sem ser chata e se alongar de modo prolixo. Nesse livro ela cita várias vezes o cineasta Yasujiro Ozu, e eu que nunca tinha visto um filme dele, ontem passei numa locadora e trouxe um para casa para assisti-lo. Loquei o “Pai e Filha” de 1949 e gostei bastante. Delicadeza do cotidiano na relação de pai e filha, e a obediência as regras, ou melhor, o respeito a seqüência natural que deve se seguir para que a vida siga seu rumo. O sorriso constante estampado no rosto da filha, demonstrando toda sua felicidade em servir ao pai, e depois a tristeza de ter que seguir um caminho que preferia não seguir, mas que o faz também para satisfazê-lo. Voltando para o livro, que tem uma passagem linda onde ela fala sobre a arte e a beleza e num trecho nos pergunta: “Onde se encontra a beleza? Nas grandezas das pequenas coisas que, como as outras, estão condenadas a morrer, ou nas pequenas coisas que, sem nada pretender, sabem incrustar no instante uma preciosa pedrinha de infinito?”

Ontem fui ao lançamento do livro “Antologia Sado Masoquista da literatura brasileira”. O livro foi organizado por Antonio Vicente Seraphim Pietroforte e Glauco Mattoso. Fui convidado por um dos contistas, o Gustavo Vinagre. Já comecei a ler. Tem dor. Muita dor. E prazer, muito prazer. É bom e provoca os sentidos. Machado de Assis, Marcelino Freire, Glauco Mattoso, Cruz e Souza, João Silvério Trevisan, Ivana Arruda, e outros bons escritores estão lá dentro. Vale a pena ler. Não tenha medo de sentir dor ou prazer, tanto um como outro sentimento/sensação estão embutidos em tudo que a gente faz/diz/pensa, é que na maioria das vezes a gente nem percebe.

28.8.08

"PESSOAS HUMANAS"

No centro há um pequeno Café onde quase todos os dias costumo entrar e fazer uma pausa. Lá tomo meu expresso, me sento numa das confortáveis poltronas e leio alguma revista semanal ou simplesmente não faço nada além de observar as pessoas. Hoje quando tomava meu cafezinho dois senhores engravatados conversavam sobre qualquer coisa quando um deles disse que “nenhuma pessoa humana” merecia passar por tal humilhação.

Sai do Café e fui assistir a uma audiência no Tribunal de Justiça, onde uma amiga faria sua defesa oral. Sentei-me numa das cadeiras da elegante sala e fiquei escutando os desembargadores argumentarem se deferiam o recurso que estava em pauta ou não. O relator/desembargador, ao insistir em suas razões, disse que “toda e qualquer pessoa humana” tinha o direito de reivindicar tal coisa.

Segundo o Dicionário Aurélio:

Pessoa: é o ser humano em seus aspectos biológicos, espiritual e social. Indivíduo. Ser a quem se atribui direitos e obrigações.

Humano: Relativo ao homem.

26.8.08

TURBA


Voltei para casa cansado. E enfezado. Não tem nada a ver com o tempo em que fiquei fora, lá fora eu já me sentia assim, enfezado, contrariado, esquisito. Não sei por que. Talvez por saber que teria que recomeçar a semana fazendo trabalhos que não me dão prazer. Talvez por estar na entre safra, revisando meu novo livro e no fundo não criando nada. Talvez por haver um excesso de nada e insignificância no ar. Talvez porque essa insignificância tenha afetado o espírito da maioria das pessoas. O lixo continua crescendo e vazando pelas bordas. Ninguém quer ver. Então vamos continuar assim, desviando da sujeira, atravessando a rua para não ter que sentir o cheiro dos miseráveis que dormem na calçada, respirando o ar poluído e nojento da cidade. Sou chato. Mas me recuso a achar normal o que é injusto e desumano e mais ainda quando sei que alguma coisa poderia ser feita para mudar uma situação provocada pelo descaso. Sei que desviei do assunto do inicio do post, mas tem a ver. Porque a coisa fica mais interessante quando mais complexa. Mas ninguém parece querer enfrentar novos desafios. Vamos para dentro dos Shoppings. Há até um aqui pertinho que dizem ter aroma no ar. Feito para provocar os sentidos dos clientes. Sei. Provocar sentidos. Os meus já estão irritados. A raiva tem um cheiro azedo, o amor nem sempre consigo perceber, e os ignorantes cheiram a qualquer coisa, o que a gente quiser que eles cheirem.

23.8.08

Mundo Mix

Assim como faço em São Paulo, aqui no Rio gosto de poder caminhar e descobrir a cidade. A percepção de proximidade com o cotidiano das outras pessoas me parece mais intensa na baixada fluminense. Pode ser por estar mais atento a nova paisagem, mas há uma “oferta” maior de tipos nas ruas. Expressões estranhas chamam atenção. Ontem presenciei um casal discutindo. Eu caminhava alguns metros na frente deles e não pude evitar (também não tentei, porque a discussão era interessantíssima). Depois de se acusarem mutuamente e chegarem a conclusão de que deveriam cada um tomar seu próprio rumo, a moça finalizou a discussão gritando o seguinte para o rapaz: “Me erra cara, me erra!”

Nas conversas, o que me enche muito o saco é a comparação entre as cidades. A supervalorização de uma em detrimento da outra. Detesto bairrismo e qualquer tipo de regionalismo. No que as cidades de São Paulo e Rio oferecem de melhor, elas são imbatíveis e ponto final. É isso o que vale. A diversidade faz a diferença, e os pontos negativos são muito parecidos. Na maioria das vezes são produtos do descaso dos governantes, problemas nacionais que se manifestam e apresentam de maneiras diferentes conforme a região do país.

No dia do lançamento, enquanto fazia hora na livraria antes do primeiro convidado chegar, achei um livrinho bem pequenininho do Sêneca chamado “Da vida feliz”. Uma delícia. Uma pequena passagem: “Os filósofos não praticam o que dizem. Contudo, já fazem muito em expressar bem o que concebem com uma mente reta: realmente, se operassem conforme as suas palavras, quem haveria de mais feliz do que eles?” Acho interessante a forma narrativa desses filósofos. Não conheço os textos originais, nunca os li, conheço alguns traduzidos e publicados no Brasil. Tenho a impressão de que alguns autores de livros de auto ajuda se utilizam do formato utilizado pelos pensadores gregos para divulgarem seus segredos para a busca do que propõem. Simplificando, faça isso ou aquilo para conseguir isso ou aquilo. A fórmula do começo, meio e fim, tudo programado, ignorando adversidades e diferenças de caráter e personalidade. Pelo amor de Deus, não estou falando de qualidade de pensamento, apenas do formato na narrativa!

18.8.08

BICO DE SINUCA


A intuição não é algo palpável, e talvez por isso mesmo difícil de lidar. Não há como medi-la, nem como pesá-la, a gente intui e logo desconfia do que está sentindo, porque nos acostumamos a ter que ver e tocar para crer. Partindo da idéia de que consigo diferenciar o que é desejo-de-que-algo-aconteça de sensação-de-que-algo-está-para-acontecer, creio, sem saber explicar as razões, de que algo está para acontecer. Venha. Aconteça. Logo.

Viajo amanhã para o Rio. Na quarta a partir das 19:30 lanço o “Contos Indiscretos” na Livraria da Travessa de Ipanema. Estou ansioso, mas feliz. Feliz, mas ansioso. Gosto de Rio e de sua gente e da natureza que envolve a cidade. Mas por outro lado sofro muito por ter que sair de casa. Gosto e não gosto de viajar. Gosto porque gosto de conhecer novas pessoas e lugares. Não gosto porque não gosto de ter que conversar com novas pessoas e ir a outros lugares. Gosto de ficar em casa. Não falar. Ler. Ouvir música. Cozinhar. Escrever. A interrupção desse cotidiano pode ser boa, mas não gosto de ter meu cotidiano interrompido. Vou com vontade de já estar de volta.

17.8.08

TRANSPARÊNCIAS

Há dias vazios. Que são cheios de nada. Não me pergunte como isso é possível, eu não saberia explicar. Mas há dias vazios cheios de nada. São parecidos com muitas pessoas, que existem como pessoas fisicamente, mas que a reconhecemos como pessoas apenas porque moram num corpo. E esses dias amanhecem e se tornam claros e depois menos claros e vão escurecendo até se tornarem completamente escuros e terminarem. E essas pessoas aparecem mas não comparecem, ficam e não estão, e depois partem sem deixar rastros de que estiveram com a gente. Dias sem alma, pessoas sem almas.

15.8.08

VOCÊ SABIA?


Ao contrário do que se propaga por aí,
silenciar nem sempre é sinônimo da sapiência.
Na maior parte das vezes, aquele que se cala,
silencia por conveniência e omissão de responsabilidade.
Ilusão ou ignorância?
Não sei qual das duas palavras caberia para tentar justificar tal comportamento.
Mas estou certo de que quase sempre aquele que silencia,
subestima a inteligência alheia e desconhece a engrenagem interior do qual é feito.
Porque apesar da mudez exterior, há a consciência (que é teimosa e não se cala).
Apesar dos avanços da tecnologia e da ciência, ainda não há maquiagem que disfarce
a expressão denunciadora d
e um rosto que tenta dissimular. Nem mp3 capaz de ensurdecer a voz interior.

13.8.08

CUSCUZ FREUDIANO


O filme “O Segredo do Grão” poderia servir de teste para paciência. Que nervoso meu Deus! Não é que o filme não seja bom. O tema é interessante, mesmo que também já explorado a exaustão. Um imigrante de origem árabe que já vive há décadas na França e que perde o emprego e resolve abrir um restaurante num barco. Lógico que esse é apenas o argumento aparente da história, embutido nela está uma discussão muito mais abrangente sobre relações interpessoais entre os membros da família e o pai, e outras histórias de amor. O amor. Sempre o amor. Seja qual for sua aparência. Mas eu não vou fazer uma crítica do filme e sim voltar ao inicio desse post. Talvez um dos filmes com mais cenas perturbadoras que eu já vi. Uma delas em especial, o choro/resmungo/desabafo da nora de origem russa para o pai e principal protagonista do filme. Essa cena deve durar uns cinco ou sete minutos, mas é excepcionalmente irritante e perturbadora, capaz de fazer você se levantar e sair da sala do cinema de tão estressante. Eu agüentei, apesar de mudar de posição na poltrona por várias vezes. Porque queria ver o final do filme (que quando vai chegando ao fim fica previsível). Mas valeu. Descobri que tenho resistência. Sou forte. Sei esperar. Assim como os convidados no barco restaurante do filme, que esperaram até o último minuto para comer o cuscuz.

A TURMA DOS SEM LIMITES


Antes do limite, vem o sinal.

Que poderíamos chamar de alarme do limite.
Que pode ser uma voz que escutamos (alguns nasceram sem) nos perguntando:
Será que ainda posso/devo/prosseguir ?
O que fazer quando aqueles que nasceram sem o pequeno alarme ultrapassam a barreira dos nossos limites ?
Não há outra alternativa senão enfrentá-los (os sem limites).
Deixar claro que eles ultrapassaram os nossos limites e por isso devem permanecer longe, muiiiiiito longe, bem antes da linha do alarme que eles não tinham, e que nós acabamos de instalar dentro deles para que nunca mais ultrapassem os limites.

12.8.08

BLOGS E AFINS

Há mais ou menos duas semanas saiu uma matéria no Estadão que falava sobre os blogs. O que é bom, o que é ruim, se serve para alguma coisa além de auto-promover quem escreve ou se só espalha bobagens. Visito muitos outros blogs. Penso que tem de tudo um pouco, uma espécie de mercadinho onde se pode encontrar bons artigos e outros que não deveriam nem ser publicados porque mal escritos e com qualidade intelectual duvidosa. Visitando outros blogs você pode encontrar desde gente que fala apenas sobre si até se informar com comentaristas gabaritados em vários assuntos interessantes, como cinema, literatura, teatro, política e etc. Mas também encontra pessoas divulgando idéias retrógradas, preconceituosas e mentirosas. Agora mesmo por ocasião da olimpíada li jornalistas com currículo conhecido dando opiniões absurdas e pejorativas sobre os chineses, dizendo que odeiam isso ou aquilo, generalizando tudo e dessa forma condenando um povo inteiro por causa daquilo que ele não gosta. A diferença entre os blogs e a imprensa oficial é que nos blogs as pessoas dizem o que querem e aí sai muita besteira. Não há a preocupação em filtrar o que se escreve. Na maioria das vezes o blogueiro senta na frente do computador e escreve como se estivesse falando alguma coisa para outra pessoa. No jornal, há a figura do Ombudsman, o cara deve seguir uma linha editorial e responder pelo que escreveu. Enxugando tudo, vale a pena sim. Os blogs que não prestam devem ser descartados assim como outros meios de comunicação que são ruins. Quando entro no cinema para ver um filme, se não gosto, levanto e vou embora, assim como paro de ler um livro que me enche o saco ou fecho o jornal. Enfim, a escolha quem faz somos nós.

A questão é sempre a mesma. O homem no centro dos acontecimentos. O que devemos fazer com a liberdade adquirida. E serve para todos os envolvidos, tanto para aqueles que produzem, como para aqueles que consomem.

10.8.08

O HOMEM NO ESCURO


O tempo é a base sólida para tudo. Invisível, mas de uma solidez sem medida de comparação com qualquer material conhecido pelo homem. Não vou filosofar, mesmo porque não seria capaz. Trabalho com a palavra, é nela que penso poder me movimentar livremente. Mas voltando ao tempo. Venho pensando nisso desde que acabei de escrever meu novo romance. Dar um tempo. O que fazer com o tempo? No vazio, leio. Mas tenho a cabeça no texto que está na memória do computador e fica de lá me espezinhando em telepatia. Vou ao cinema. Assisto filmes. Encontro com amigos. Poucos. Muito poucos, por escolha. Não tenho paciência. Fala-se muito, e muito do que se fala não me interessa. Não gosto do que está aí e de como está e se apresenta. Gente multi-mix-projeto-de-tudo-agora, estão em todos os lugares ao mesmo tempo, são “conectadas”, pensam ser tudo e por isso não são nada, fazem tudo e não fazem nada, falam muito e produzem espuma, questão de tempo e vão desaparecer. Não têm estrutura para se manterem sobre a base sólida do tempo. Quero meu texto. Busco meu texto. Prefiro a companhia fiel e real do meu texto. É nele que acredito. Nos personagens fictícios. Na ficção que é muito mais interessante que a realidade que estamos vivendo.

O novo livro do Paul Auster “Homem no escuro”. Ainda não chegou nas livrarias. Ganhei de presente de uma amiga. Comecei a ler ontem à noite e varei a madrugada. Gosto muito de como ele faz as interferências de outras histórias no texto. O universo particular de um homem que sofreu um acidente de carro e está numa cadeira de rodas e os acontecimentos de seu tempo (olha ele aí de novo), entrelaçados com as vidas de sua filha e neta. A guerra, a decadência da sociedade americana, a política atual, o onze de setembro e etc. Tudo isso está na memória do narrador, mas o autor nos conta essas histórias utilizando-se de vários recursos narrativos. E há ainda espaço para pequenas análises sobre filmes que enriquecem ainda mais o romance. Parece fácil, lógico, mas sente na frente do seu computador e tente escrever uma história. É preciso talento e capacidade, o que Auster tem de sobra.

7.8.08

EXTRA! EXTRA!


Hoje vi uma das mulheres gordas que o Botero retratou sentada no banco do vagão do metrô. Juro. Fazia crochê e conversava com Raskolnikov. Ela não tirava os olhos da franja que tricotava na extremidade de uma toalha. Ele não tirava os olhos dos enormes peitos dela. De vez em quando, mas só de vez em quando e só de relance, ela olhava para ele e sorria. Pareciam se divertir. Saltei na Sé curioso para saber o final dessa história. Os dois continuaram. Foram para a zona leste da cidade. Não sabia que eles estavam aqui. No Brasil. Vou ficar atento. Comprar todos os jornais. Amanhã certamente serão notícia de primeira página.

6.8.08

APERTEM OS CINTOS


Não sentir falta de alguém que ainda não se conheceu.
Não imaginar a vida no condicional.
Ser e estar. Só.

A vida em preto e branco.
No momento colorir me dá uma preguiça mo-nu-men-tal.

Acostumei-me as palavras.
As que escuto são as mesmas que digo a mim mesmo.
E escrevo. Palavras pretas, escritas sobre páginas brancas.

Não sei desenhar. A duras penas aprendi a rabiscar um oito deitado.
Deram-me um carvão vegetal e uma folha branca.
Tracei muitos oitos deitados. Tantos que já perdi a conta.
Oitos. Sobre folhas brancas.
Deitados. Ainda traço oitos deitados.

Alguém aí tem um lápis de cera para me emprestar?

5.8.08

ONDE ESTÃO OS CRÍTICOS?



Nos últimos dias venho pensando com freqüência sobre a crítica literária e o seu papel. Não apenas sobre como ela pode servir de parâmetros ao leitor que pode se interessar ou não por um livro ou autor depois de ler a análise do crítico, mas também na função que ela pode ter, quando bem feita, ao próprio escritor analisado. Onde estão esses críticos? Onde foram parar os cadernos dominicais que falavam sobre literatura? Lembro-me de que quando era criança, mesmo ainda ser compreender inteiramente o que lia, folheava com curiosidade o caderno sisudo que vinha aos domingos dentro dos jornais, especificamente o do Estadão. Reconheço a mudança na vida das pessoas e também no comportamento, mas não entendo que os grandes jornais do país tenham que necessariamente direcionar seus cadernos dedicados a cultura, para a vida social das pessoas. O que fazem, onde foram, com quem estão namorando, onde dançam, onde comem, para onde viajam e etc... Vejo com decepção que os jornais se adaptaram aos novos tempos adequando sua linha editorial ao interesse de uma parcela de leitores e ajudam dessa forma a afundar ainda mais a já pobre produção cultural do país. Onde estão as crônicas diárias? Lá escritores, dramaturgos, críticos, diretores de cinema tinham suas colunas diárias e opinavam um pouco sobre tudo que acontecia no país. Dessa forma, ficávamos conhecendo um pouco de seus pensamentos e do que estavam lendo ou vendo. Não são mais os jornais e seus cadernos que necessariamente interferem no pensamento dos leitores e oferecem alternativas de informação cultural apontando tendências e as discutindo. Por que não ter opinião própria? Por que não se arriscar? Por que apenas os números das vendas devem importar? Lemos constantemente ou ouvimos as pessoas criticando a globalização e o nivelamento por baixo que ela muitas vezes provoca, seja qual for o setor, mas quem deveria realmente exercitar o papel crítico e insistir na informação não o faz, ao contrário, se rende ao que de pior ela nos oferece. Tenho saudades das colunas do Flavio Rangel e do Paulo Francis, de gente que tinha opinião e comprava briga, mas que ao mesmo tempo era ilustrada e nos transmitia informações importantes. Você até podia discordar do que eles falavam, mas dentro dessas crônicas havia dicas de autores que eu jamais havia lido, ou de filmes e peças teatrais que eu ficava esperando para ver. Depois reclamam que as salas de cinema estão vazias ou que o número de leitores está caindo, ora, mas se o que fazem é exatamente cultuar o efêmero e as celebridades instantâneas, inevitável que ninguém queira perder tempo com o que aconteceu ontem a noite ou hoje de manhã, ou até com um rosto que de um dia para o outro eu não sou mais capaz de reconhecer.

1.8.08

LETRAS E LEITURAS


Novo mês, novas notícias. Um pouco de auto promoção.


Gravei uma entrevista para o programa da Mona Dorff,
Letras & Leituras
, que vai ao ar de segunda à sexta, às 11h45 na Rádio Eldorado (700 AM), durante o Panorama Eldorado. Minha entrevista vai ao ar dia 5 de agosto, terça-feira próxima. Conversamos de tudo um pouco: dos autores e livros que li e dos que pretendo ler. No site do programa você pode ler o bate-bola que ela fez comigo e ouvir trechos da entrevista.

E no dia 20 de agosto, uma quarta feira, a partir das 19:30, eu estarei autografando o meu recém lançado livro de contos na Livraria da Travessa em Ipanema no Rio.