Durante o carnaval eu sou obrigado a me trancar em casa. É que a maioria dos meus conterrâneos nessa época me constrange. Prefiro acreditar que nada está acontecendo lá fora ou que é tudo um grande pesadelo e que logo eu vou acordar. Fecho janelas e cortinas e durmo durante o dia inteiro. O sentimento de inadequação fica a flor da pele. Então durmo. Acordo apenas para repor a cota de álcool necessária para me levar para a cama novamente. Esse ano entre as horas de hibernação forçada, assisti os quatro filmes que estão lotando as salas de cinema da cidade. Abaixo faço pequenos comentários do que penso sobre eles. Você não é obrigado/a a concordar comigo. Nem mesmo com a minha insistência em querer proibir a venda de pipocas/refrigerantes/balinhas e tudo mais que cheire mal e faça ruídos das salas de cinema. É. Eu sei. Você vai dizer que estou envelhecendo e ficando ranzinza. Não. Você está enganado/a. Só quero poder ir ao cinema e ver o filme sem ser constantemente incomodado. É complicado ter que dividir minhas emoções com o sujeito ao lado que na mesma hora em que algumas lágrimas ameaçam saltar dos meus olhos, puxa o último gole de refrigerante do seu copo de papel provocando sonoridades invasivas. Posso reclamar pessoalmente. Sim posso. E até faço. Mas ficaria mais fácil se essa proibição fosse regulada pelos responsáveis ou gerentes das salas de cinema. E não correria o risco de tomar uma porrada ou um tiro no peito. Assim como há determinadas sessões para mulheres que podem levar suas crianças, ou horário especial para professores (no Frei Caneca há, por exemplo), poderia existir um ou dois horários em que ficasse proibida a ingestão de alimentos de qualquer espécie durante a sessão. Pronto. Assim eu não teria que passar tanto nervoso e não me sentiria dentro de uma sala de cinema para bovinos, onde durante mais de duas horas me sinto como se estivesse num pasto ao lado de seres ruminantes. E você comedor compulsivo pode comer a vontade ao lado de outras vaquinhas felizes. Vamos aos comentários.
A dama de ferro.
Enquanto reparava na papa perfeita que implantaram sob o queixo da Meryl Streep/Thatcher, a velha discussão sobre o que é real e o que é ficção me veio a cabeça. Porque tirando as imagens documentais enxertadas no meio da vida privada da ex-primeira ministra o que sobra é Maryl Streep representando uma idéia do que Margareth Thatcher teria sido entre quatro paredes. Quero dizer, como posso acreditar que Margareth Thatcher era essa mulher que Maryl Streep está representando? Como posso me convencer que ela tenha pensado e agido daquela forma? Você pode me dizer que através do estudo do comportamento de sua vida pública foi possível traçar um perfil de como ela pode ter sido na vida privada. Eu prefiro me render ao talento de Maryl Streep. Para mim o filme não existiria sem ela. A gente paga o ingresso para que Maryl Streep nos convença do que foi Margareth Thatcher. Todo o resto é coisa para inglês ver.
A invenção de Hugo Cabret
Meu Deus que bobagem. E alguém pode me dizer qual a vantagem de assistir esse filme em 3D? Filme infanto-juvenil, que deveria ser proibido para maiores de 14 anos. E eu que depois de ouvir amigos e críticos esperava algo que pudesse me emocionar! Tudo é artificial, o cenário, o garoto, a menina amiga do garoto, Paris, Gare Du Nord, vou parar por aqui. Scorcese, por favor, faça qualquer outra coisa, vá conversar com um taxi driver, mas não me faça mais esse tipo de cinema. Só uma coisa se salva nesse filme, é Ben Kingsley, porque gosto dele e nesse caso estou sendo parcial.
Os descendentes.
Outra bobagem do cinema americano. Ops, cometi um pleonasmo. Dá no máximo para assistir na sessão da tarde na televisão. E para piorar tem como personagem principal o caricato George Clooney. Ele é tão bom vendendo cápsulas de café! Drama primário, moralista e infantil, aliás, a infantilidade contida nos dramas exibidos no cinema impera no momento. Perca seu tempo, se quiser, ou fique em casa, assim não é obrigado a sentir o cheiro horrível de manteiga derretida dos baldes de pipocas dos casais de trogloditas que vão se sentar ao teu lado.
O artista.
Exceção. Filme que consegue entreter. Bem feito, bom roteiro, excelente caracterização dos personagens. Um filme que emociona, mas que não provoca facilmente o derramamento de lágrimas. No ponto. Ou ao ponto se preferir. Tem até um cachorrinho que provoca expressões como “fofo” ou “lindinho” na maioria dos espectadores. É, eu sei, faz tempo que o mundo não é dos nets. Enfim, um filme que se salva pela correção. E o protagonista, Jean Dujardin, surpreende pela performance. Eu o conhecia de um seriado de tv francesa o qual ele e sua mulher interpretam um casal de classe média e com muita criatividade me faziam gargalhar de seus conflitos. No filme, ele mostra que pode mais. Fofo (argh).
A dama de ferro.
Enquanto reparava na papa perfeita que implantaram sob o queixo da Meryl Streep/Thatcher, a velha discussão sobre o que é real e o que é ficção me veio a cabeça. Porque tirando as imagens documentais enxertadas no meio da vida privada da ex-primeira ministra o que sobra é Maryl Streep representando uma idéia do que Margareth Thatcher teria sido entre quatro paredes. Quero dizer, como posso acreditar que Margareth Thatcher era essa mulher que Maryl Streep está representando? Como posso me convencer que ela tenha pensado e agido daquela forma? Você pode me dizer que através do estudo do comportamento de sua vida pública foi possível traçar um perfil de como ela pode ter sido na vida privada. Eu prefiro me render ao talento de Maryl Streep. Para mim o filme não existiria sem ela. A gente paga o ingresso para que Maryl Streep nos convença do que foi Margareth Thatcher. Todo o resto é coisa para inglês ver.
A invenção de Hugo Cabret
Meu Deus que bobagem. E alguém pode me dizer qual a vantagem de assistir esse filme em 3D? Filme infanto-juvenil, que deveria ser proibido para maiores de 14 anos. E eu que depois de ouvir amigos e críticos esperava algo que pudesse me emocionar! Tudo é artificial, o cenário, o garoto, a menina amiga do garoto, Paris, Gare Du Nord, vou parar por aqui. Scorcese, por favor, faça qualquer outra coisa, vá conversar com um taxi driver, mas não me faça mais esse tipo de cinema. Só uma coisa se salva nesse filme, é Ben Kingsley, porque gosto dele e nesse caso estou sendo parcial.
Os descendentes.
Outra bobagem do cinema americano. Ops, cometi um pleonasmo. Dá no máximo para assistir na sessão da tarde na televisão. E para piorar tem como personagem principal o caricato George Clooney. Ele é tão bom vendendo cápsulas de café! Drama primário, moralista e infantil, aliás, a infantilidade contida nos dramas exibidos no cinema impera no momento. Perca seu tempo, se quiser, ou fique em casa, assim não é obrigado a sentir o cheiro horrível de manteiga derretida dos baldes de pipocas dos casais de trogloditas que vão se sentar ao teu lado.
O artista.
Exceção. Filme que consegue entreter. Bem feito, bom roteiro, excelente caracterização dos personagens. Um filme que emociona, mas que não provoca facilmente o derramamento de lágrimas. No ponto. Ou ao ponto se preferir. Tem até um cachorrinho que provoca expressões como “fofo” ou “lindinho” na maioria dos espectadores. É, eu sei, faz tempo que o mundo não é dos nets. Enfim, um filme que se salva pela correção. E o protagonista, Jean Dujardin, surpreende pela performance. Eu o conhecia de um seriado de tv francesa o qual ele e sua mulher interpretam um casal de classe média e com muita criatividade me faziam gargalhar de seus conflitos. No filme, ele mostra que pode mais. Fofo (argh).