Na semana passada fui a uma missa de sétimo dia.
Durante a missa o padre foi enfático aos fiéis e parentes
e amigos que estavam presentes: parem de pedir coisas
absurdas a Deus, se não estão satisfeitos ou felizes
com a vida então vocês devem mudá-la. Falou também
de pessoas que vão até ele se lamentar sobre os entes
queridos que perderam, mais uma vez foi enfático:
não chorem pelos mortos, rezem pelos vivos.
Gostei da praticidade do sujeito. Talvez uma corrente
nova de padres pragmáticos, ou, quem sabe,
saco cheio de tanto ouvir seus fiéis se lamentarem.
Acho que foi na madrugada de sábado para domingo,
um dos telecines levou o “Rapsódia em Agosto” (se me enganei
no título me perdoem) do Akira Kurosawa.
Que beleza de filme! Sensível sem ser piegas, fala da necessidade
de se perdoar para se libertar de sentimentos ruins,
da morte e dos valores transmitidos através das gerações.
Tive que refletir mais uma vez sobre o envelhecer e sobre a
morte, desta vez por meio das imagens.
Acabei de ler o livro de contos do João Gilberto Noll.
Gostei, entretanto, muitos dos contos me dão a sensação
de que poderiam ter realmente um fim. Não tenho o
direito de alterar nada, nem é essa minha intenção, mas
em alguns deles fica um saborzinho amargo no último
pedaço do doce que estávamos comendo e gostando.