19.10.06

MUTANTE.

Durante toda a minha vida me senti um outsider
quando me comparei com amigos e conhecidos
que discutiam calorosamente sobre política,
futebol, religião ou qualquer outro assunto.
Sempre me senti um estranho.
Não porque não tenho opinião a respeito ou não
tenho idéias sobre esses assuntos, mas porque
nunca consegui acreditar cegamente nos argumentos
e modelos que me são apresentados como ideais.
Muitas vezes me senti pequeno diante dessas pessoas
engajadas e crentes. Me criticava por não conseguir
adorar alguém e defender essa pessoa ou ideologia,
com unhas e dentes como se esse alguém estivesse acima
de qualquer outra e não fosse passível de críticas.
Não suporto qualquer tipo de endeusamento.
Gosto de muita gente. Sejam elas artistas, escritores,
músicos, professores, políticos, mas nunca a ponto de
perder a razão. Mudei. Não me acho mais pequeno.
Na verdade acho que aqueles que cegam diante de
um ideal, ou artista, ou ainda de uma ideologia
é que são pequenos.
São pequenos porque vêem apenas o ideal, o artista,
ou a ideologia, e esquecem que por trás de tudo está
o ser humano e seus interesses pessoais, a mesquinhez,
a vergonha e a teimosia em admitir erros, e a capacidade
de levar milhões de pessoas ao extremo de fazer um guerra
e conseqüentemente a morte.
São tão pequenos que necessitam de crenças definitivas e inflexíveis.
O universo é mutante, e eu sou parte dele.

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