Cheguei ontem em Praga. A temperatura caiu muito, está fazendo frio e ventando. Estive aqui em 88, um ano antes da queda do muro, ainda na era do comunismo, e a cidade era escura, os rostos tristes, vitrines decadentes, restaurantes que não funcionavam, um horror. Lembro-me de ter esperado mais de quarenta minutos o garçon me servir um café. A infelicidade estava estampada na cara dos habitantes. Vinte e um anos depois, a cidade mudou muito, está linda, com os prédios históricos restaurados, é possível sentir a energia no ar, muita gente na rua, locais funcionando onde você se sente acolhido, uma agradável surpresa. Praga talvez seja uma das cidades mais lindas da Europa. Quanto mais você a conhece mais gosta dela. Há muitas praças espaçosas, o rio que divide a cidade e as lindas pontes que conectam os dois lados dela. Hoje revi a pequena casinha de número 22 atrás do castelo onde Kafka teve seu pequeno escritorinho e escreveu alguns de seus livros. Não tem mais do que 15 metros quadrados. Foi alugada por ele, quando procurava um lugar tranquilo para escrever. Depois do trabalho ele ia para lá e só voltava para casa depois da meia noite. Além de sua irmã ninguém mais sabia que ele havia alugado a casa. Li que ele gostava de descer as escadarias do castelo de noite, depois de passar horas escrevendo, dizia que precisava daquele tempo para refrescar a cabeça. Permaneceu lá por dois anos. Fiquei imaginando ele lá dentro, sozinho, refletindo e escrevendo, a pequena janela com vista para o outro lado da cidade, me bateu uma tristeza..., mas sei que ele precisava daquele cubículo para escrever, estar só, isolar-se de todo o resto para criar.
Um comentário:
realmente lindo
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