16.3.10

NOITE DE AUTÓGRAFOS

No máximo a quatro ou cinco quadras daqui fica a rue Ste Croix de la Bretonnerie, uma rua simpática que sai do bumbum do Centre Pompidou e termina no coração do Marais. Entre lojinhas fashions, bares, cafés e bistrôs tem uma livraria chamada Les Mots a La Bouche. Essa livraria vende todo tipo de livros, de romances a ensaios e no subsolo ela ainda oferece livros de arte e fotografia. Mas o grande carro chefe dessa livraria são os livros de temática gay. Lá você encontra de André Gide a Zola, e entre esses autores se misturam muitos outros contemporâneos menos conhecidos ou desconhecidos. A livraria não é muito grande, mas é muito aconchegante e tem horários especiais, abre de segunda a sábado às 11 da manhã e fecha as 23 horas, e no domingo ela abre às 13 horas e fecha às 21 horas. Há dois vendedores extremamente atenciosos que conhecem bem o acervo da loja e orientam o leitor perdido. No domingo li numa cartazinho escrito a mão grudado na porta que o autor Edmund White estaria lá hoje (16/3) autografando seu novo livro. Como sou seu admirador não perdi a chance de ir lá buscar meu autógrafo. Ainda não havia muita gente quando cheguei e tudo parecia funcionar em câmara lenta. Entrei, comprei meu livro e esperei minha vez na fila. Edmund White estava calmo, sorria, e me parecia bem a vontade. Quando chegou minha vez ele me perguntou o meu nome e quando viu meu sobrenome quis saber minha origem, o que eu fazia, quoi, qui, pourquoi. Então contou-me de sua passagem pelo Brasil, a feira de Paraty e etc... Enquanto conversávamos, a fila foi aumentando a ponto de se alongar para fora da livraria. Eu comecei a ficar aflito, mas o homem realmente manteve a calma. Viveu aqui por 16 anos e no momento vive nos EUA e dá aulas se eu não me engano na Universidade de Princeton. Muito simpático o sujeito. Seu novo livro se chama City Boy, Crônicas de Nova York, e tem prefácio de John Irving. Comecei a degustá-lo enquanto jantava. O livro relata a atmosfera de seu início de carreira, final dos anos sessenta e início dos setenta, seu contato com Burroughs e Nabokov, o descobrimento da vontade de transgredir outras passagens que eu ainda vou descobrir. Na quarta capa uma frase me chamou atenção: “leitor bulímico, de uma curiosidade jamais saciada”.



Um comentário:

Anônimo disse...

adoro essa livraria :) je bois