25.3.10

OURO E TERRA

Na segunda me despedi da Bastille, com casa cheia, fila de desesperados para comprar ingressos de última hora, tudo isso para ver Das Rheingold, a primeira das quatro obras que compõe o Anel de Libelungo (na verdade Rheingold era o prólogo do Anel e só depois foi transforma em livreto). Fiquei impressionado com a quantidade de admiradores de Wagner, gente com quem conversei antes e depois da ópera. Com exceção do maestro, todos os que encabeçaram a produção são alemães. Duas horas e meia sem pausa, música de primeira qualidade. Diga o que quiser, mas acredito que muita gente diz que não gosta de Wagner sem nunca ter ouvido qualquer uma de suas obras. Dentro da minha limitada compreensão musical, consigo diferenciar uma obra fácil de uma mais difícil, mas não qualifico o que não consigo entender como de má qualidade só porque não consigo compreender. A música de Wagner é difícil, mas muito boa. Para gostar de suas obras não basta botar um cd e ouvi-las enquanto a gente prepara um espaguete carbonara, é preciso mais do que isso, tem que ter um pouco de interesse e disposição para ouvi-las sem preconceito, ler um bocadinho de história e se interessar pela mitologia. Além disso acho que conhecer o homem Wagner, sua época, seus sonhos e o apoio recebido pelo Rei Ludwig II e o tempo que ele consumiu perseguindo suas composições fazem parte do pacote. Não apenas suas músicas, mas também sua vida particular. Não escuto toda hora, mas de vez em quando preencho minha cabeça com seus devaneios. Segunda foi assim, uma noite densa e prazerosa ao mesmo tempo.

Último dia do curso. Temperatura quase alcançando os 20 graus, céu azul. O Jardin de Luxembourg está vivo, as árvores e arbustos começaram a competir para nos mostrar qual delas vai florir primeiro, e na hora do almoço já não é possível encontrar um banco tão facilmente para se sentar e observar a banda passar. Ai que delícia, caminhar vestindo apenas um paletó, sem casquette nem xale, o sol na cabeça.

O sentimento é o seguinte: ficar e se deixar enraizar. Je voudrais m’enraciner ici, eu diria se tivesse nascido Proust.

Abaixo fotos do Jardin de Luxembourg feitas hoje a tarde.

Voltarei a escrever quando chegar no Brasil. À bientôt!





Um comentário:

Lícia disse...

Repito: Que fotos, uau!!!