12.10.11

FÉ E BRIOCHES

No dia da criança resolvi desobedecer minha mãe. Almocei assistindo televisão. Vi uma reportagem sobre a Nossa Senhora Aparecida que chegou a cidade de São Paulo subindo o rio Tietê. Ainda bem que ela não é feita de carne e osso, e no caso estava representada em forma de imagem feita de barro ou madeira, caso contrário teriam intoxicado a coitada da padroeira. Então escuto o padre (não sei como ele agüentou o fedor e os gases do rio enquanto carregava e expunha a imagem) dizer que é preciso conscientizar a população de que não se pode jogar lixo no rio. Está bem. Pensei que as autoridades municipais e estaduais é que tinham obrigação de canalizar e tratar a água dos municípios além de fiscalizar as concessionárias contratadas e os próprios cidadãos que desrespeitam as leis. Pobreza é mais um item que se combate com educação. Essa imundice e o pouco caso com ela é resultado da falta de educação que impera nesse país em todas as classes sociais. Desde o morador miserável das favelas até o milionário morador das mansões e coberturas neoclássicas com churrasqueiras decorativas nas varandas. Uns são mal educados porque não lhes são proporcionadas as condições mínimas para sair da miséria, outros porque só olham para o próprio umbigo e não conseguem enxergar nada além dos vidros blindados de seus automóveis. Quero minha fé de volta. A paisagem urbana dessa cidade é o retrato materializado de anos de falta de educação e pouco caso dessa gente que se diz bem educada, politizada e a serviço do país.

Um pouquinho dessa fé voltou depois que eu me deitei no chão da sala e escutei a terceira e a quinta sinfonias de Mahler. Meu Deus o que seria de mim sem esses sujeitos e suas composições? Deus estava ali no momento da criação. E veio me pedir calma enquanto eu as escutava. Não sei se vou conseguir. Estou tentando. Respirando no saco de pão. Vou rezar pelos pulmões de Nossa Senhora Aparecida.

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