18.10.11

LIXO E LIXO

Fui até a Sala São Paulo retirar ingressos que havia comprado para um concerto em novembro. Fui a pé daqui de casa (Sta Cecília/Higienópolis). Quando cheguei na Alameda Cleveland tive que interromper minha respiração por causa do fedor insuportável. Pensei que fosse morrer de nojo e de raiva. No encontro da Cleveland com a Helvetia centenas de seres humanos quase bichos se aglomeravam em torno do crack e sei lá mais do que em meio ao lixo. Nojo, revolta, pena daquele povo, raiva, e vontade de fazer uma fogueira com todos os políticos e autoridades que sugam esse país são alguns dos sentimentos que tive. Não me venham dizer que é complicado lidar com eles, que não se pode fazer isso ou aquilo e que eles se recusam a ir a abrigos, ou ainda que o pessoal dos direitos humanos vai dificultar e por isso é que eles estão lá. Pelo que vi essa geração já está perdida, não tem mais recuperação. Mas tem que dar assistência, cuidar e fazer um trabalho de prevenção para que esses miseráveis e desgraçados tenham ao menos condições de levar uma vida digna. Ignorá-los é aviltante, é validar o pouco caso das autoridades que se dizem competentes e que ganham para cuidar da cidade e não cuidam. Vão encurralando essa gente de um lado para outro, para que ninguém as veja. E elas se multiplicam na mesma velocidade dos helicópteros que atravessam a cidade e na mesma proporção das vendas dos vidros blindados dos automóveis. Não dá para fazer de conta que eles não existem. O fedor está saindo por tudo quanto é lado e um dia vai inevitavelmente invadir sua praia. Eu não quero me acostumar com essa paisagem urbana e me recuso a acreditar que estamos evoluindo. Isso aí não é pobreza, é miséria, resultado da ausência de atuação do poder público.

Gostaria que alguém me explicasse o seguinte: por que uma entrevistadora com a inteligência e capacidade da Marília Gabriela decide entrevistar uma garota como a tal da Sabrina Sato? No domingo pouco antes de dormir eu assisti no SBT uma das entrevistas mais constrangedoras que já vi e ouvi. A menina é totalmente desinteressante, não tem absolutamente nada para dizer, ria o tempo todo de qualquer coisa que fosse dita, meu Deus, foi constrangedor assistir aquilo, e desconfio que em alguns momentos a própria Marília Gabriela se sentiu constrangida com a situação. Sem falar da dificuldade que foi tentar entender o que a moça queria dizer quando conseguia terminar um pensamento(?). Enquanto a garota com muita dificuldade tentava organizar palavras para formar uma frase que pudesse dizer alguma coisa que tivesse algum sentido, a entrevistadora tentava adivinhar o que ela estava tentando querer dizer para que o telespectador pudesse compreendê-la. Marília, não tem ninguém interessante para entrevistar, então faz uma pausa, quebre o contrato, sei lá faça qualquer coisa, duvido que alguém entendeu o que essa garota tããão interessante e engraçada estava fazendo lá. Muito ruim. Se a idéia da produção do programa feito para o SBT é nivelar a entrevista ao grau de exigência de seu público, acho pior ainda. Não sei nem se serve para engrossar o livro 1001 entrevistas mais desinteressantes do mundo. Acho que não.

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