8.7.05

ANTES DE TUDO









Antes de tudo,
quando ainda andava mergulhado
nas profundezas de Florbela Espanca,
e a vida não havia tomado a forma disforme,
antes de tudo,
eu era um amontoado de sonhos não revelados,
e vidas ainda não vividas,
desconhecia a brevidade dos poemas concretos
e dos haicais minimalistas,
antes de tudo,
do descobrimento das palavras pontiagudas
e das pontuações necessárias para dar ritmo
as frases que aprendi a falar,
antes de tudo havia a vontade,
de descobrir a superfície,
de respirar ares,
e de sobrevoar terras distantes.

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