A diferença entre um artista e a grande maioria de pessoas está na coragem. Não estou falando sobre as várias formas de coragem que qualquer ser humano tem que ter porque senão não sobrevive as adversidades do cotidiano, mas a coragem de enfrentar seus próprios medos e/ou excesso de auto confiança, embarcar numa viagem que ele necessariamente tem que acreditar porque ninguém além dele acredita, e mais, encarar a solidão inevitável e imprescindível para a produção de sua obra. O filme “Nome Próprio” de Murilo Salles me fez pensar sobre isso. Baseado na obra de Clarah Averbuk, não é um filme de temática nova, mas é muito bem feito (com exceção da sonoplastia, em muitas passagens do filme muito ruim, me desculpem se o problema for do som do Espaço Unibanco), bem dirigido, e primorosamente interpretado pela Leandra Leal no papel da Camila. Digo que não oferece novidade, não para denegri-lo, ao contrário, gostei muito do filme, mas para esclarecer que a viagem feita pela Camila é muito parecida com o roteiro que quase todo artista tem que fazer para sobreviver. No caso da protagonista, há ainda os impulsos que a levam a extremos para satisfazer sua carência afetiva e amorosa. De alguma forma todos nós queremos ser amados, mas alguns fazem qualquer coisa para alcançar seus objetivos. Outros, como é o caso da Camila, são um caldeirão de sentimentos intensos. Para eles tudo é urgente e fere; o amor, a dor, a palavra, o desejo, e a diferença é que eles não fogem de nenhum desses sentimentos por medo ou covardia, ou qualquer outra desculpa. Eles não perdem tempo se preocupando em tapar o caldeirão com uma tampa inviolável, eles vivem. Esses são os artistas.
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