28.4.09
PAPO ENGAJADO
26.4.09
GRIPE SUÍNA
23.4.09
DE MAIS E DE MENOS
Antes da chuva almocei no Almanara da Basílio da Gama no centro da cidade. Um oásis no meio de dezenas de restaurantes por quilo da redondeza. Tenho um amigo que diz que nos restaurantes por quilo a gente come comida cuspida. Porque todo mundo fica conversando enquanto se serve, e respinga saliva sobre os alimentos. Melhor esquecer. Não quero nem pensar! Então “tomei” um ônibus para subir até a paulista. Fazia tempo que não viajava pela cidade de ônibus. Adoro os elétricos. Gosto de impulso que eles tomam e do motor silencioso. Sem esquecer de dizer que eles não soltam as fumaças negras que os outros ônibus soltam. E tem o prazer indescritível de passear olhando através das janelas.
Depois da chuva com as calçadas da paulista alagadas, assisti ao tombo de dois idosos. Em locais e horários diferentes. As calçadas são lisas, encharcam, não escoam e são escorregadias. Enfim como quase tudo que é feito pelos órgãos públicos; “nas coxas”. Sempre abaixo da média. Compare com a eficiência dos vendedores de guarda chuvas. A única companhia pública que ainda funciona no país é o metrô, o resto presta desserviço público e a gente ainda paga caro por eles.
22.4.09
ESPERANDO A CARONA
18.4.09
TEM DIAS QUE A GENTE SE SENTE
Dois dias longe de casa e parece que dois anos se passaram. Vim ao Rio a trabalho e aproveitei para ficar o final de semana por aqui. Dois austríacos estão a tiracolo. Interessante observá-los. Sim. Linda a geografia da cidade, bonitinha a carinha da menininha que mora na rua, a livraria, o centro, a arquitetura, os garotos jogando vôlei na praia, e tudo vai se direcionando para a única coisa que verdadeiramente os interessa; sexo. Sexo, sexo, sexo, é o que eles enxergam e querem, com alguns intervalos de aha, aha, cidade maravilhosa. Não sou puritano nem moralista, mas enche o saco, e o tempo passa e nada acontece de diferente. É isso e nada mais.
Um dos austríacos está lendo um dos livros do Paulo Coelho, não me lembro qual o título. Me contou que foi indicação de uma amiga e que o livro é um sucesso na Áustria. O outro trouxe um livro do Hermann Hesse. Tem lugar para todo mundo no balaio.
Como explicar o que é um homem negro, com quase dois metros de altura, cabelos oxigenados, gordo quase obeso, vestido com um biquíni de florzinhas? O sujeito trabalha num desses quiosques na praia e serve as pessoas carregando bandejinhas. Antes de entregar a bebida ao freguês, completa seu show rebolando sua enóóórme bunda na cara do coitado. Brasilien gastfreundlichkeit. Isso mesmo que você imaginou: hospitalidade brasileira.
13.4.09
QUANTO VALE, OU É POR QUILO?
Não teríamos resultados melhores se o ensino fundamental e médio fossem inteiramente reformados e custeados pelo Estado? Todo brasileiro teria igualmente uma boa escola, independente de cor, raça, religião, sexo e etc, e assim as mesmas chances de cursar uma universidade ou se preferir uma especialidade técnica. Defendo que o ensino em todos os níveis deveria ser custeado pelo Estado. Educação é dever de Estado, não tem que terceirizar. Se, por um lado hoje o ensino público fundamental e médio é de péssima qualidade, por outro lado as universidades particulares são igualmente péssimas, são empresas preocupadas apenas com os seus caixas, nada tem a ver com escolas formadoras de bons profissionais e conseqüentemente bons cidadãos. Nelas não se ensina a pensar, debater, refletir. Dentro dos trens do metrô há cartazes publicitários de faculdades onde o que se oferece não são os cursos, o foco todo da publicidade está na facilidade do pagamento, do tipo, “você paga no máximo 299,00 por mês e tem garantia de receber o diploma em 48 meses”. A educação tratada como mercadoria, e não como um bem imaterial inalienável.
11.4.09
CIDADES
Páscoa é sair das trevas e encontrar a luz. Entrei em casa, tomei um banho e deitei para descansar. Acordei que sonhava. Caminhava pelas ruas limpas de Viena. Entrei no Café Central, escolhi um jornal e pedi um mélange. Saboreei o café, li o jornal e quando ia pagar o telefone tocou me acordando. Não tive culpa de sair sem pagar. Entschuldigen Sie Herr Ober, com sorte de noite consigo entrar no meu sonho e aí prometo pagar o meu café.
9.4.09
METENDO BOLAS ENTRE AS PERNAS
Quase nenhum filme em cartaz me despertou a vontade de ir ao cinema esta semana. Enquanto isso, revejo os clássicos que a Folha está lançando todas as semanas em dvd. Gosto da coleção de capa dura, com fotos e ficha técnica. Boa opção para colecionadores e amantes do cinema. Não substitui uma boa sala de cinema, mas ninguém atende celular ou comenta o filme em voz alta do seu lado.
Há tempos noto que comentaristas esportivos usam o verbo “meter” para ilustrar seus comentários ou quando estão narrando partidas de futebol. Exemplo: o jogador 1 “meteu” a bola entre as pernas do jogador 2. Ou, o atacante “meteu” uma bomba na trave. Por que será? “Meter” está corretíssimo, mas soa pouco natural e muitas vezes vulgar na boca de alguns deles. Existem muitos outros sinônimos que poderiam ser usados para narrar uma jogada. É só uma observação, nada mais. Se quiserem continuar a meter bolas entre as pernas dos jogadores, podem continuar, afinal é isso mesmo o que a gente quer ver quando assiste a um jogo de futebol.
8.4.09
BARRO.
Em algum momento houve desatenção.
Veio o descaminho.
A distância.
O desencontro.
Sehnsucht.
O olhar para o futuro.
O eco da minha própria voz.
Eu sereia suicida.
Me afoguei.
Me perdi.
Me perdi.
Me perdi.
Não sei como vim parar aqui dentro.
Não precisei atravessar nenhum corredor.
Nem abrir portas.
Mas cá estou.
Dentro.
Não foi de repente.
Demorei.
Para reconhecer.
O lugar.
Meu lugar.
5.4.09
LABORATÓRIO
Fazia tempo que não via o mar. Este fim de semana fui a Ubatuba. Fora de temporada, as praias estão quase vazias e a gente quase acredita que é possível dividir o espaço com outras pessoas. Quase. Porque sobra espaço. O silêncio impera nas casas vizinhas. As poucas pessoas que estão lá se dividem entre nativos e gente que não gosta de barraco. Foram dois dias muito agradáveis. Acabei de ler o livro do Kureishi. Não levei o notebook. Não queria escrever nada. Caminhei bastante, nadei e tomei um pouco de sol. Pronto para a semana que vai começar.