11.4.09

CIDADES

Páscoa é sair das trevas e encontrar a luz. Do buraco escuro do metrô, fui transportado para cima pela escada rolante e encontrei o céu azul fritando um ovo amarelo manga. Sábados de visitas aos sebos. Encontrei livros que procurava, guias de viagem e resolvi que voltaria a pé para casa. Já falei disso antes, mas não dá para deixar de reclamar novamente: a cidade está suja, imunda, fedorenta e cheia de sem tetos morando sob as marquises em condições sub-humanas, fazendo suas necessidades e comendo no mesmo lugar. Você caminha e reflete sobre como acabar com a miséria e suas conseqüências e chega a uma única conclusão: sem educação nenhuma alternativa funcionará. Educação é a única forma de reduzir a variedade de pobrezas que assola o país. Em certos lugares o lixo e o fedor são tão penetrantes que não dá para deixar de lembrar numa cena do filme do Meirelles, o Ensaio sobre a Cegueira. Se ele tivesse esperado um pouco, ou escolhido melhor, não precisaria ter montado as cenas para rodar o filme. Era só filmar do jeito que está.

Páscoa é sair das trevas e encontrar a luz. Entrei em casa, tomei um banho e deitei para descansar. Acordei que sonhava. Caminhava pelas ruas limpas de Viena. Entrei no Café Central, escolhi um jornal e pedi um mélange. Saboreei o café, li o jornal e quando ia pagar o telefone tocou me acordando. Não tive culpa de sair sem pagar. Entschuldigen Sie Herr Ober, com sorte de noite consigo entrar no meu sonho e aí prometo pagar o meu café.

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