29.10.09

FATOR PROTETOR ZERO

Dias sem filtro são aqueles em que seus olhos enxergam mais do que deveriam.
Da cabeça aos pés o que você vê, cheira, ouve, é absorvido sem proteção.

Ontem assisti meu primeiro filme na mostra. Um argentino. “A Cantora de Tango”. Música de primeira, fotografia linda e muito bem feita, roteiro bem costurado. Saí do filme pensando por que ele não me fisgou. Achei bom, mas não a ponto de me envolver ou me sensibilizar. Por que? Alguns argumentos que dei a mim mesmo: o filme é limpinho demais e os personagens teriam conseguido me sensibilizar se eu pudesse imaginá-los e não os tivesse visto. Um filme que daria um bom livro. Porque gosto da história. Talvez a forma dada a interpretação, higiênica e certinha, quase todos os personagens beiram a perfeição dentro do papel reservado a eles. Parece-me que durante o filme inteiro alguém ficou dizendo o que eles deveriam fazer e o que não deveriam para passar credibilidade ao público. E é exatamente essa contenção que atrapalha o filme. Faltou naturalidade. As emoções restaram artificiais.

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