Passei parte da manhã e da tarde de ontem ocupado com a organização dos documentos exigidos pela Sorbonne para poder me candidatar para o mestrado. Cheguei com tudo pronto, mas ao passar pela primeira entrevista a secretária me aconselhou a fazer algumas cópias das capas dos meus livros e artigos publicados em jornais. Temos que convencer os professores de literatura viciados em ver a vida dos homens apenas através da ficção de que a vida dos homens aqui fora nem sempre é linear e lógica, mas cheia de enganos e equívocos e que nunca é tarde para mudar de rumo. É assim também quando estamos escrevendo um livro, alteramos o que achamos que não vai dar certo, escrevemos e apagamos até nos sentirmos confortáveis com a história. E eles têm que ver e tocar na sua obra senão não acreditam em você. Há pouquíssimas vagas, 25 para centenas de interessados de todas as nacionalidades mais os estudantes franceses. Odeio qualquer tipo de concorrência ou disputa, não dou a mínima para chegar na frente ou ser o primeiro de nada, mas não tem jeito vou ter que estar entre os 25, caso contrário terei que tentar novamente no ano que vem, e ano que vem, bem, o ano que vem, eu nem sei o que isso quer dizer, talvez uma língua que não entendo.
Logo aqui em baixo tem uma pequena galeria de arte cujos proprietários são dois moços. A gente não precisa de muito tempo para perceber como os dois estão engajados em ser e parecer modernos. Basta olhar para eles. Mas desta vez eles extrapolaram um pouquinho. Não só nos seus modelitos de verão, mas também na atual exposição da galeria. O nome da exposição é “Rien à voir” que quer dizer nada a ver, mas que em francês quer dizer que uma coisa não tem relação com a outra, e se você acha que vai entrar lá e ver coisas absurdas e que não se relacionam umas com as outras, nada a ver, você se enganou. As paredes da pequenina galeria foram pintadas de preto e nelas foram pregadas folhas retangulares de aproximadamente 20 por 30 brancas. Isto mesmo, brancas, sem absolutamente nada, nenhum traço ou pinta ou sujeirinha, imaculadamente brancas. Para que você não se sinta enganado, nada a ver, só isso, rien à voir como o nome da exposição sugere. Nem tente apelar ao procon, mais honesto que isso, só dois disso, quero dizer, você não poderia acusá-los de desonestidade, n'est pas?
Logo aqui em baixo tem uma pequena galeria de arte cujos proprietários são dois moços. A gente não precisa de muito tempo para perceber como os dois estão engajados em ser e parecer modernos. Basta olhar para eles. Mas desta vez eles extrapolaram um pouquinho. Não só nos seus modelitos de verão, mas também na atual exposição da galeria. O nome da exposição é “Rien à voir” que quer dizer nada a ver, mas que em francês quer dizer que uma coisa não tem relação com a outra, e se você acha que vai entrar lá e ver coisas absurdas e que não se relacionam umas com as outras, nada a ver, você se enganou. As paredes da pequenina galeria foram pintadas de preto e nelas foram pregadas folhas retangulares de aproximadamente 20 por 30 brancas. Isto mesmo, brancas, sem absolutamente nada, nenhum traço ou pinta ou sujeirinha, imaculadamente brancas. Para que você não se sinta enganado, nada a ver, só isso, rien à voir como o nome da exposição sugere. Nem tente apelar ao procon, mais honesto que isso, só dois disso, quero dizer, você não poderia acusá-los de desonestidade, n'est pas?