9.6.10

GASPARZINHO

A primeira reação de quem desconfia de alguma situação ou pessoa seria se resguardar, isto é, guardar segredo de suas desconfianças para apurar melhor os fatos antes de sair por ai falando para todo mundo do que desconfia. Aparentemente os roteiristas de “O escritor fantasma”, filme baseado no livro de Robert Harris, ele mesmo um dos roteiristas junto com Roman Polanski o diretor de The Ghost Writer, não pensam assim. Fica muito difícil acreditar que o escritor contratado para escrever a biografia de um político depois de descobrir seu envolvimento em negócios criminosos e assassinatos, saia por aí falando com o primeiro que encontra pela frente de suas descobertas e desconfianças. Pelas circunstancias pelo menos um pouco de medo ele teria que demonstrar ao desconfiar da verdade, ao invés de ligar para os inimigos e abrir o jogo sem nenhum receio. E no final, quando enfim desvenda o quebra cabeça, teria que no mínimo ficar mais esperto, mesmo porque ele conhece a verdade e sabe o que aconteceu com quem tentou descobrir a verdade antes dele. Por isso falta credibilidade a história e a conseqüência é um filme brochante. Então, vamos para um segundo momento e porque o filme foi feito por um diretor conhecidamente capaz, passamos a ver a qualidade da fotografia, a roupagem noir que Polanski deu ao filme, a trilha sonora... Já na hora de avaliar os atores fica muito difícil, com exceção do Ewan McGregor (o ghost writer) todo o resto é de quinta, caricatos e pouco convincentes. Para mim, o último filme do Polanski é uma decepção plasticamente bem filmada.

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