27.6.10

COPIE CONFORME


No final da tarde fui ver “Copie Conforme” o último filme de Abbas Kiarostami, sensação no Festival de Cannes, com Juliette Binoche. Gostei muito do filme, aliás, o primeiro do diretor filmado fora de seu país. Diferente dos outros, porém mantendo a qualidade e a delicadeza conhecida. Difícil imaginar “Copie Conforme” sem Juliette Binoche no papel dessa mulher insatisfeita, que sente falta de seu marido e de suas raízes, dona de uma galeria de arte em Firenze. Parte do êxito do filme se deve a ela, que usa todo o seu talento para interpretar a personagem carente e cheia de altos e baixos, que nos ilude e confunde por quase 120 minutos. O filme propõe um jogo de aparências, ora você acha graça, ora você fica triste, já no início o diálogo com o filho nos deixa com um pé atrás, quem é essa mulher?, o que ela quer? Por que procurou pelo escritor. Ela o conhece? Se não, como poderiam discutir temas tão íntimos que somente pessoas que se conhecem muito bem poderiam discutir? Todo o filme brinca com o que é real e o que não é, e ganha muito com a excepcional qualidade de movimento de câmeras e imagens que se refletem enquanto os personagens dialogam. O que mais gostei nesse jogo de esconde-esconde foi a utilização da própria brincadeira ilusionista, não apenas nas cenas, mas também nos diálogos, para falar sobre verdadeiros sentimentos.

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