Fui ver “Fatal”, o filme baseado no livro “O Animal Agonizante” do Philip Roth. Saí do cinema satisfeito e emocionado. O filme é bom. Excelente roteiro (para quem já leu o livro, saberá perceber minha afirmação), belíssima fotografia, e atores que dão conta do recado. Penélope Cruz (Consuela, adoro pronunciar esse nome) está linda e enigmática como a personagem exige. Gosto muito do Bem Kingsely no papel de escritor/professor solitário e do Dennis Hopper, que mesmo na pequena, mas importante participação, preenche a tela e desenvolve seu personagem com maestria. Não vou entrar na discussão sobre se o livro ou o filme é melhor. Um livro sempre nos dá a possibilidade de refletir com mais amplitude e calma sobre qualquer tema. Leia o livro e veja o filme, ou faço o inverso, não importa. O filme é bom, porque é bem feito, conta a história do ponto de vista de quem o fez, mais carregado de emoção, talvez ajudado pela linda trilha musical. Para a grande maioria que não lê mesmo, e que prefere se sentar e se deixar envolver pelas imagens, o filme vai satisfazer pelo conjunto, bom roteiro/bons atores/boa fotografia/boa música. O que me agrada nos livros do Roth é sua capacidade de contar uma história misturando temas delicados com uma aparente leveza. Sejam eles os conflitos entre pai e filho, o amor de um homem velho por uma mulher trinta anos mais nova, a solidão escolhida, tudo parece muito leve e enquadrado no cotidiano dos personagens, sem discurso moralista ou exageros. O filme consegue passar essa “leveza”, mas a medida que a gente lê/vê e se envolve com a história, a gente compreende que a coisa não é tão fácil quanto parece. Saber contar uma história, nem sempre é explicitar tudo ao leitor/espectador. Não subestimar a capacidade de quem as lê/vê é uma virtude hoje em dia, já que todo mundo parece ter respostas prontas para tudo e assim vamos perdendo a capacidade de refletir e de conviver com as dificuldades do outro. Bom filme. Boa leitura.
Como não existe o acaso, o destino marcou um encontro comigo e com o João Gilberto Noll quarta a noite na calçada da Avenida Paulista. Sou um admirador, mas odeio qualquer tipo de tietagem ou endeusamento. Reflito se devo ou não abordá-lo. Dou três passos e me apresento. Conversamos um pouquinho e ele me disse que participaria de um evento no Sesc da avenida Paulista. Lá vou eu no dia seguinte. Levo o último livro dele (escrevi sobre o “Acenos e Afagos” no blog) para que ele me autografe. E levo o meu de presente. Tudo me parece em ebulição dentro dele. A leitura de seus textos pela sua própria voz me fascina. O sotaque gaúcho, a dicção quadrada e propositadamente lenta, os movimentos. Prazer em conhecer, em ouvir. No dia 22 de outubro ele estará no Sesc Vila Mariana.
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