24.10.08

TUDO MENOS ISSO

As vezes penso (muito mais vezes do que gostaria) que perco muito tempo pensando na importância dos fatos, dos pensamentos, do que aquele cara falou ou deixou de falar, do que eu falei e deixei de falar, do conteúdo de um livro, o que percebi e o que não percebi no filme que assisti, se continuo a minha viagem solitária em busca de meu desenvolvimento espiritual/emocional/equilibral, enfim nos por quês embutido em todas as coisas que por algum motivo cresci aprendendo que era assim que deveria ser. (ufa, que parágrafo longo)

Já sei que não consigo ser diferente em algumas coisas. E tenho certezas. Não sou sempre dúvidas. Entretanto, por mais que eu tente não consigo deixar de analisar as situações e toda a lista do parágrafo acima de uma forma muito peculiar. Mesmo porque acho que faz parte da conjunção astral/carmática que resultou no meu jeito de ser. Mas algumas coisas realmente não são tão importantes, então eu gostaria de poder ouvir e não ligar, ler e não fixar na mente o que li, ver e não ser tocado pelo que vi. Porque assim as coisas ficariam mais fáceis para mim. Duvidaria menos. Conheço muita gente que consegue. Que está mais focada na sua própria vida e não é tão afetada com o lixo ou o luxo que está ao redor. Vai em frente, não perde tempo analisando por exemplo, qual a importância daquilo que faz ou deixa de fazer para o resto do mundo, está interessada em fazer o que quer fazer e pronto. Dane-se o resto, e vamos que vamos porque não quero perder o trem. Talvez esse tempo que eu acho que estou perdendo realmente não seja uma perda, mas uma estufa quente e úmida onde um universo de fungos e bactérias estejam surgindo sem que eu perceba, e em algum momento eles me servirão como alimento para continuar a tal da vida. Talvez eu só consiga funcionar assim. Mas que é chato e desconfortável, ah isso é. Na próxima encadernação, se eu puder escolher vou preferir vir ao mundo mais levinho, mais ausente do que presente, menos preocupado em tentar me entender e como os outros funcionam. Quem sabe não venho em forma de passarinho, e fico vendo tudo acontecer, lá de cima, sobrevoando a cidade. Ou como peixe (não de aquário, preciso de espaço) e passo a vida passeando debaixo d’água, comendo plâncton e brincando de esconde esconde entre os corais. Qualquer coisa, com tanto que seja menos racional e menos emocional.
O gato de um amigo meu, por exemplo, que come quando tem fome e depois de se lamber vai dormir de barriga cheia, de vez em quando aparece só para que cocem a sua cabeça ou escovem a sua barriga.

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