Quando voltava para casa ontem à noite, decidi entrar no cinema e assistir “Tinha que ser você”. Um filme que eu imaginava ser apropriado para a sessão da tarde pelo que já havia lido e ouvido falar sobre ele. É um pouco mais do que isso. Tem todos os ingredientes românticos e leves que caracterizam os filmes que passam nas sessões das tardes, porém com a profundidade dos filmes feitos para a gente pensar e sentir. A espinha dorsal condutora do filme é a última chance que duas pessoas de meia idade têm para se realizarem no amor e serem felizes. Apenas aparentemente. Não conheço outros filmes do diretor ou do roteirista, mas acho que a intenção dos dois também foi falar um bocadinho do acaso. As coincidências vão sendo propositadamente construídas para um encontro casual, e o filme toma rumos que parecem evidentes. Os dois protagonistas levam um bom tempo até se encontrarem. Eles nos são apresentados individualmente, cada qual com seus problemas, até que o encontro acaba acontecendo. Um só passa a enxergar o outro a partir do momento em que os dois já atingiram o fundo do posso. Antes disso eles já haviam se cruzado e não haviam se “enxergado”. Gostei dessa sucessão de acontecimentos até o verdadeiro encontro. Adiante, com mais da metade do filme, o desencontro acontece novamente, mas nesse momento os dois já têm consciência do que perderão se deixarem a chance passar. Então já não existe mais o acaso nem a coincidência, e sim a vontade de que as coisas dêem certo. Os sentimentos estão ali, a flor da pele, e você passa a torcer pelos dois. Nada que exija grandes reflexões, mas um bom filme romântico para terminar o dia. Não sou fã do Dustin Hofmann, acho ele sempre muito caricato, cabeçudo demais, e um jeito de andar meio abobado, mas ele não compromete o filme.
30.6.09
29.6.09
EREMITA URBANO
Não raro passo os finais de semana inteirinhos dentro de casa. Minha mãe me telefona e pergunta se estou doente. “Mas vai almoçar sozinho?” Vou. Faço meus almoços deliciosos, cozinho, abro vinhos e os bebo com prazer, não tenho problemas do tipo, “ não vou cozinhar para mim sozinho”. Cozinho para mim sozinho. Confesso que às vezes penso que estou me transformando num eremita urbano. Entro na quinta ou sexta em casa e só saio na segunda. Não tenho vontade de sair. Prefiro ficar em casa lendo, escrevendo ou vendo filmes. No último sábado um amigo me convidou para ir ao teatro. Fui. Gostei (vide post abaixo). Depois saímos para jantar e como para ele somente jantar não era suficiente, eu o acompanhei até um bar porque ele queria tomar alguma coisa. Não o via há algum tempo e de tanto ouvir as pessoas falarem desses bares sempre muito interessantes e suuuuuuper freqüentados eu me animei. Enquanto entrávamos nos lugares barulhentos, pensava na minha casa silenciosa. A vontade de sair correndo foi crescendo a cada novo minuto. Acho que ainda tinha na lembrança outros bares e outras gentes. Uma visão geral do lugar: gente feia, bêbada, falando (gritando seria melhor para descrever) e gargalhando histéricas. Acho que desconectei. Não consigo, nem quero conseguir sociabilizar desse jeito. Conversamos sobre a razão das pessoas que conhecemos estarem todas encapsuladas em seus apartamentos, cada vez mais solitárias, não dispostas a conviver e etc... Falamos sobre as novas maneiras de se comunicar, e-mails, msns e etc, que dão a impressão de aproximar as pessoas, mas que na verdade acabam distanciando. Sou um deles. Também não encontro respostas concretas para o meu atual eremitismo. No meu caso não acho que tem a ver com a cidade, a violência urbana ou com a criminalidade, acho que é muito mais um cansaço com o perder tempo fazendo coisas ou conhecendo pessoas desinteressantes. Não agüento a aderência fácil aos modismos e a grupo de pessoas que desenvolvem perfis muito rápidos e semelhantes sobre como se deve pensar e agir para se sentir incluído. Não tenho necessidade de me sentir incluído a qualquer preço. Já era tarde quando voltei para casa. Antes de dormir li algumas páginas do “Indignação” do Philip Roth para compensar o tempo que havia ficado longe de casa. Feliz por ter visto meu amigo e assistido ao “Hilda Hilst”, e satisfeito com minha condição de eremita urbano.
28.6.09
O ESPÍRITO DA COISA.
Fui ver a peça “Hilda Hilst – O espírito da coisa” no Teatro do centro da terra. Um monólogo de altíssima qualidade cênica e dramaturgia muito bem feita. Depois que sai do espetáculo fiquei imaginando a dificuldade para se montar uma peça de teatro com os textos de Hilda Hilst. É difícil. E a gente sente todo o peso dessa dificuldade durante a peça. Porque a poesia e a vida dela se misturam e acho que é essa junção que faz da peça o que ela é. A atriz Rosaly Papadopol consegue nos fazer compreender a criatura complexa que foi Hilda Hilst. Doce, amarga, lúcida beirando a loucura, e depois doce de novo. Mesmo para aqueles que não conhecem sua obra, tudo isso fica claro e acho que deve despertar o interesse em suas poesias. No início da década de oitenta do século passado (estou envelhecendo) acompanhei o Caio Fernando Abreu até a casa da Hilda, a Casa do Sol, para fazer uma entrevista. Passamos o dia com ela, almoçamos juntos, passeamos pelos arredores da casa, conheci a enorme figueira onde Caio me contou ter um dia adormecido e acordado com a voz mudada. Durante todo o tempo em que estivemos na casa dela, ela foi gentil, doce, mas eu tinha a impressão de que a qualquer momento ela viraria a mesa. Eu era muito jovem, não tinha a dimensão do tamanho e da beleza de sua obra. Depois, em 1986, numa livraria do centro da cidade, ela lançou o livro “Sobre a Tua Grande Face”, editado por Massao Ohno. Fui até lá pedir um autógrafo e me lembro do carinho com que ela me abraçou e me recebeu. Durante a peça essas lembranças foram ficando cada vez mais vivas a medida que Rosely ia unindo trechos de sua poesia construindo frases, dançando, juntando as pontas dos dedos e enlouquecendo. Fazia tempo que não ia ao teatro, e para mim, foi uma boa surpresa. Parabéns a Rosaly Papadopol e a todos que contribuíram com a montagem da peça (belo cenário e composição de cores) pela coragem de montar uma peça que, por tudo que envolve a mística em torno de Hilda Hilst, deve ter lhe custado noites de insônia.
26.6.09
DIFÍCIL
Minha memória é fraca. Pelo menos quando a comparo com a da minha irmã mais nova, que diz se lembrar de tudo. Conta passagens de quando eu tinha somente cinco ou seis anos e ela ainda dois ou três. Ela se lembra do que me conta e eu não. Às vezes vou me lembrando aos pouquinhos de coisas que fiz no passado e pessoas que atravessaram o meu caminho, mas no geral não me lembro de mais nada. Não sei o que é isso. Tudo o que escrevo tem muito das minhas vivências e outro muito de ficção. Poderia dizer que sem perceber me utilizo da minha memória para fazer ficção. Não sei se tudo que sai de dentro da minha memória é cem por cento de verdade. Desconfio que às vezes ela também inventa histórias. Talvez queira me alegrar, ou me fazer novamente acreditar em coisas que eu digo a mim mesmo não mais acreditar. Minha memória tem personalidade própria, é geniosa, só dá as caras quando quer.
24.6.09
MULTIPOLARIDADE
Agenda lotada e vontade de escrever não combinam. E quando a agenda está mais ou menos, parece que a vontade de escrever também fica mais ou menos. Da próxima vez que responder perguntas sobre “o processo de criação” vou dizer que trabalho melhor quando sob pressão. A verdade é que quando não posso me sentar e escrever, tenho a sensação de que estou me afastando de tudo que me é mais importante. Conciliar os vários Sergios que estão dentro de mim é que é o grande problema. Um sabe que tem que trabalhar muito para pagar as contas, outro sabe que tem que trabalhar muito para poder ter a cabeça livre das necessidades básicas de sobrevivência para poder sentar e escrever com calma, outro ainda, sabe que se não se sentar e escrever, as coisas vão ficar desequilibradas e o descontrole vai ser tamanho que nenhum dos outros Sergios vai conseguir fazer mais nada. Respirar fundo e contar até cinco mil é a solução. Só que durante a contagem o telefone toca, quarenta novos e-mails surgem na tela do computador, e um dos Sergios, o mais responsável, começa automaticamente a cumprir sua função de bom menino. Só até sexta, porque no sábado, o Sergio mais teimoso e ranzinza vai tomar o controle da situação e esmagar o Sergio bom menino. Isso se até lá eles não se pegarem antes.
19.6.09
CONTO PRA BOI DORMIR
Se de fato as coisas tivessem acontecido conforme as previsões da cartomante, hoje ele não estaria naquele museu, diante daquele quadro, imaginando que os olhos daquele nobre desconhecido retratado por um pintor regionalmente famoso, estivessem acompanhando seus passos. Ou estaria, mas não sentiria as pernas tremerem por causa de um par de olhos frios. Na verdade, teria sido a confirmação de que entre o céu e a terra há mais segredos do que sua vã intuição podia perceber. Teria sido muito mais. A vida continuaria como sempre foi, mas teria um gosto diferente, mais doce, menos ácido, mais cremoso, menos áspero. Se de fato as coisas tivessem acontecido conforme as previsões da cartomante, hoje ele não teria vontade de furar os olhos do pobre e infeliz aprisionado dentro da moldura dourada pendurada na parede azul celeste da enorme e silenciosa sala daquele museu. Mas, as coisas não se realizaram como ele acreditou e desejou que elas pudessem se realizar. Não. Não houve surpresas, novidades, sinais que pudessem lhe servir de aviso. Não. Houve movimentos, locomoções de um espaço ao outro, mas ao seu redor, isto é, fora dos limites de sua imaginação, o mundo continuou não querendo contribuir com as previsões da cartomante. Por isso ele havia ido parar dentro daquele museu. Para absorver a passividade daqueles senhores de bochechas rosadas e barbas brancas, emoldurados e eternizados pelo pintor regionalmente famoso. Não. Se ao menos ele tivesse duvidado das palavras da cartomante. Talvez agora ele não se sentisse perseguido pelo par de olhos frios. Mas as palavras são o que são. E é preciso compreender os segredos contidos em cada uma delas.
17.6.09
DÁDIVAS DO INVERNO
Hoje depois do almoço sentei na frente da televisão para descansar. É incrível a quantidade de idiotice embalada como produto de qualidade que nos é oferecida pelos canais pagos. Assisti a um programa sobre como acelerar o metabolismo para emagrecer. Formato moderno, apresentador cheio de energia, sobrancelha feita, shortinho, tênis e camiseta. A parte o tema que já me faz sentir cansado só de ouvir, o conteúdo e as pessoas entrevistadas são algo ainda mais cansativo. O sujeito se diz infeliz porque já sabe que seu corpo jamais será como ele gostaria que fosse. É gordo, mas gostaria de ser magro, musculoso, barriginha tanquinho. Por isso corre, faz musculação, não come o que quer, mas sim o que acha que não engorda, se priva de quase todos os prazeres da vida e se sente infeliz, muito infeliz. Um sujeito perfeitamente integrado ao nosso tempo. Acredita cegamente na sua infelicidade. Pois eu acho que ele é um infeliz mesmo. Não porque não corresponde ao tipo propagado como perfeito, mas porque ele não usa a inteligência que eu acredito que tenha para entender que ele não precisa ser magro e musculoso para ser feliz. O óbvio. Mas como todo mundo está cansado de saber, o óbvio tem que ser dito e propagado com milhares de mega alto falantes. Dez minutos durou o programa para mim. No décimo primeiro cansei da conversa burra do cara e de vê-lo malhar ao redor da Lagoa Rodrigo de Freitas. Sem perceber adormeci por uma meia horinha. Coitado.
Uma das razões do porque gosto do inverno, é porque não sou obrigado a dividir o espaço dentro do vagão do metrô com ninguém usando camisetinha regata mostrando os pelos e cheirando a sovaco. Prefiro o cheiro da naftalina dos casacos retirados do fundo do armário. No inverno o mau gosto fica menos exposto. Até as garotas pançudas adeptas aos jeans de cintura baixa somem do mapa. Dão lugar a xales e casacões. Um amigo me disse que devo ter mais compaixão com os sem espelho. No inverno fica mais fácil.
Uma das razões do porque gosto do inverno, é porque não sou obrigado a dividir o espaço dentro do vagão do metrô com ninguém usando camisetinha regata mostrando os pelos e cheirando a sovaco. Prefiro o cheiro da naftalina dos casacos retirados do fundo do armário. No inverno o mau gosto fica menos exposto. Até as garotas pançudas adeptas aos jeans de cintura baixa somem do mapa. Dão lugar a xales e casacões. Um amigo me disse que devo ter mais compaixão com os sem espelho. No inverno fica mais fácil.
15.6.09
NO TRONCO
De volta ao trabalho. Organizar a pilha de correspondências que ficou esperando em cima da mesa do escritório, compras no supermercado, almoço em casa, metrô, fórum, escritório e o dia terminou. Passou rápido. Mas é assim que tem que ser. Continuar a fazer o que sempre foi feito como se o cotidiano não tivesse sido interrompido. Tudo é ficção. Pense bem. A realidade nada mais é do que uma história inventada por nós mesmos, onde somos ao mesmo tempo autores e protagonistas. Os dias serão preenchidos por novas histórias que criaremos para que a ficção continue a se parecer com o que chamamos de realidade. Então vamos preencher os dias com novas velhas histórias.
12.6.09
QUASE VOLTANDO
Amanhã retorno ao Brasil. Passei os quatro últimos dias em Paris. Os assuntos mais comentados aqui são a gripe suína e o acidente com o avião da Air France. Fora isso a cidade continua uma beleza. Come-se bem, bebe-se bem, respira-se cultura e se a gente não quer fazer nada, este fazer nada pode ser muito interessante também. Posso ficar horas sentado num banco de praça observando o movimento das pessoas, como gesticulam ou passam apressados, ou tomando um copo de vinho sentado numa mesinha de um bar qualquer. Esse post está meio Danuza Leão, mas não dá para contar essas coisas pseudo descompromissadas que se faz quando se está em Paris sem parecer ter saído de um trecho de um de seus livros. Enfim. Pena que já estou voltando. Eu me surpreendo com a minha própria vontade de continuar por aqui, mas quando penso que a primeira imagem que meus olhos vão ver assim que chegar em São Paulo é a do rio Tietê imundo e fedido, consigo me entender. Gostaria que a minha cidade fosse uma cidade mais bem pensada e planejada, mais confortável e sobretudo menos poluída e menos violenta. Quando converso com amigos e me dizem que este é o preço por se viver em um país jovem, eu não acredito. Há dezenas de iniciativas que poderiam ser tomadas para se melhorar a cidade, mas os governos estão muito mais preocupados em se eleger nas próximas eleições e não têm coragem de encarar os problemas. Mas para mudar alguma coisa é preciso trabalhar muito, a começar pela educação. Já estou indo longe demais, vou parar por aqui. Amanhã quando chegar em casa, penso como lidar com o meu cotidiano.
8.6.09
JUBILEU
Entrei na Igreja de São Miguel aqui em Viena e depois de trinta e quatro anos, comunguei. Assisti a missa inteira, levantei, sentei, levantei, sentei. Deixei a macinha redonda derreter na minha boca. Da última vez fui convidado a me retirar da igreja. Estudava no Liceu Coração de Jesus e com mais dois colegas de classe fui expulso da missa por excesso de energia. Tentamos adaptar as canções religiosas ao som do rock do Led Zepellin. O padre não agüentou a brincadeira. Mas dessa vez consegui me manter concentrado. Tive apenas alguns pensamentos perversos durante a missa, mas no geral consegui parecer normal como o resto das pessoas presentes. Fiquei quietinho vendo a belíssima imagem de São Miguel incrustada no fundo da parede do altar. Um São Miguel poderoso, todo branco, corpo e asas, tudo branquinho, apenas a espada dourada, e uma dezena de infelizes sob os seus pés, desesperados, de boca aberta, de ponta cabeça, derrotados. Quando chegou a hora de comungar, entrei na fila . Não foi um ato de revanchismo. A macinha não tem gosto de nada, na igreja ortodoxa armênia ela é molhadinha, o padre mergulha ela no vinho antes de colocá-la na sua boca. Deu vontade. Pecado? Não acredito.
7.6.09
AINDA VIENA
Ainda em Viena. Diferenças. O que foi e o que será. Caminho e observo, como uma esponja absorvo os sabores, cheiros, vai tudo para dentro de mim e só começo a digerir depois de algumas horas sentado sob uma LindenBaum. Não sei se essa arvore existe no Brasil, mas é linda, generosa. Não economiza sombra nem perfume.
Bebo gespritztes Weiss wein, em todas oportunidades. Uma heresia deliciosa, vinho branco misturado com água gasosa, geladíssimo, refrescante. Depois me sentei diante da ópera e assisti num telão a Edita Gruberova interpretando Lucia. Mais gordinha do que já era, mas ainda com uma belíssima voz. Uma senhora ao meu lado me disse que ela já está com 65 anos. Mas se movimenta bem e só de vez em quando desafina. Uma beleza. Gente civilizada, ninguém cruza a sua frente, nem fala alto no celular, mesmo do lado de fora do teatro, em pleno calçadão, enfim, gosto daqui, então sou suspeito.
Agora noite, conversei mais de duas horas com um sujeito num balcão de bar. O cara me contou que foi contador e adorava o que fazia. Me lembrei da Macabéia da Clarice. Nada do que ele falava era interessante, mas o entusiasmo com que ele me contou sobre sua profissão era contagiante.. Engatei na conversa e dei corda, o sujeito se animou e não parou mais. Devo ter tomado uma meia dúzia de gespritztes. Sorte que dois amigos vieram me buscar.
Amanhã vou comprar um livro que vi hoje na vitrine de uma livraria, as cartas do Proust, bilíngüe, francês/alemão. Não vejo a hora. Estou curioso para folheá-lo.
Bebo gespritztes Weiss wein, em todas oportunidades. Uma heresia deliciosa, vinho branco misturado com água gasosa, geladíssimo, refrescante. Depois me sentei diante da ópera e assisti num telão a Edita Gruberova interpretando Lucia. Mais gordinha do que já era, mas ainda com uma belíssima voz. Uma senhora ao meu lado me disse que ela já está com 65 anos. Mas se movimenta bem e só de vez em quando desafina. Uma beleza. Gente civilizada, ninguém cruza a sua frente, nem fala alto no celular, mesmo do lado de fora do teatro, em pleno calçadão, enfim, gosto daqui, então sou suspeito.
Agora noite, conversei mais de duas horas com um sujeito num balcão de bar. O cara me contou que foi contador e adorava o que fazia. Me lembrei da Macabéia da Clarice. Nada do que ele falava era interessante, mas o entusiasmo com que ele me contou sobre sua profissão era contagiante.. Engatei na conversa e dei corda, o sujeito se animou e não parou mais. Devo ter tomado uma meia dúzia de gespritztes. Sorte que dois amigos vieram me buscar.
Amanhã vou comprar um livro que vi hoje na vitrine de uma livraria, as cartas do Proust, bilíngüe, francês/alemão. Não vejo a hora. Estou curioso para folheá-lo.
3.6.09
HIN UND HER
De Praga vim parar em Zurich. Qual a diferença? Você tem que ser muito rico ou ganhar muitíssimo bem para viver aqui. Se não quiser se sentir pobre não olhe vitrines e não leia os preços nos cardápios dos restaurantes. Ou não venha para cá. Tudo é caro. Até a internet oferecida gratuitamente nos hotéis em outros países, aqui você deve pagar. Quinze francos a diária da internet no meu hotel. E olha que estou hospedado num bem normalzinho, com diária que cabe no meu bolso.
Estou a trabalho, no final de semana volto para Viena, minha cidade predileta, onde moraria facilmente e me tornaria um vienense zangado e cheio de pose.
Depois Paris e volto para casa. Medo de avião. Estou dividido entre tomar uma garrafa inteira de vinho antes de entrar no avião que me levará de volta ao Brasil, ou uma caixa de calmantes. Talvez tome os dois. Gosto de imaginar que em razão deste horrível acidente, as companhias farão check ups em todos os aviões e ficarão mais atentas e por isso devo ficar mais tranqüilo. Mas não fico. Rezo antes, durante e depois do vôo. Não consigo me trapacear. De navio não posso ir. Custa muito e leva muito tempo. Então o jeito é me dopar e dormir.
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