9.2.10

ARTE E POLITICAGENS

No último dia dos austríacos (domingo), logo de manhã visitamos o Museu d’Orsay. Por pouco não fomos os primeiros a chegar. A entrada para a visitação do Museu d`Orsay foi gratuita. Deu para passear e ver as obras com calma, mas depois de uma hora o museu lotou, dificultando o passeio e o privilégio de poder parar em frente as obras sem nenhum bocó tirando fotografia. Foi bom rever Cézanne e seus vizinhos de parede, mas cansativo. O ritmo lento e necessário para ver as obras é exaustivo. Não me sinto tão cansado depois de correr 45 minutos ou caminhar uma hora e meia em ritmo acelerado. Saímos de lá a fim de ver outra exposição. Fomos a Pinacoteca. Os cartazes anunciavam com estardalhaço Vermeer, Van Goch e outros holandeses. Decepcionante exposição, não pela qualidade mas pelo número de obras expostas. Os outros holandeses menos atraentes eram maioria, Vermeer estava representado com apenas uma ou duas de suas obras e Van Goch com outra, uma decepção. Tenho muita vontade de ver uma coletânea apenas com as obras de Vermeer.

Abaixo um exemplo de política de boa convivência, ou (só de brincadeirinha) a verdadeira anexação(anschluss)da França pela Austria.


A noite assisti a um programa na televisão onde o tema era o presidente Lula. Além do intermediador, havia dois políticos franceses (um político do PS e outro do UMS) e dois convidados brasileiros, Alfredo Valladão, que é professor do instituto de estudos políticos e Diva Pavesi, escritora e jornalista. Gostei da exposição clara e realista dos brasileiros, mas de qualquer forma há uma predisposição generalizada a gostar do “cara” apenas por se tratar de alguém de origem humilde que chegou ao poder. Lógico que vejo méritos, mas vejo dificuldades também. Por outro lado hoje se fala do Brasil com expectativas positivas, não como na época em que eu morava na Áustria, cujas notícias de jornal não passavam nem de perto dos cadernos de economia ou desenvolvimento.

O número de americanos presentes no curso é enorme. Uma desgraça o sotaque dessa gente. Isso não quer dizer que não são simpáticos ou que tem dificuldades para aprender. Uma das americanas, de origem italiana, é especialmente doce. Vai se casar com um francês em agosto, estudou relações internacionais nos EUA e faz um trabalho de defesa de tese aqui. Hoje além de Adisha, uma garota extremamente tímida do Siri Lanka que costuma me acompanhar em silêncio durante todo o percurso de volta para casa, Micaela (a americana de origem italiana) também veio junto. Contou-me um pouco sobre seus pais, italianos de Roma e Nápoles, que deixaram a Itália para “fazer a vida” em Long Island. Estão tristes porque a filha resolveu voltar para a Europa. O pai não consegue nem falar com ela por telefone, tudo o que consegue fazer é chorar. Micaela diz temer pela saúde dele. Não sabe se ele vai agüentar a notícia de seu casamento com um francês. Hoje a noite ela vai comunicá-lo por telefone. Estou curioso. Se Micaela não aparecer no curso quinta feira, vou deduzir que viajou para o enterro do pai.

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