7.6.10

EQUIVALENCIAS


Ontem logo depois do almoço fui até a avenida Consolação para apoiar e engordar o número dos cidadãos que respeitam a diversidade sexual na Parada Gay. Se um dia ela foi organizada para melhorar a autoestima dos diversos, então ela já cumpriu sua função. Autoestima é o que não faltou para os milhões que estavam lá. Diversidade é a palavra que mais se encaixa com a parada também. O leque de cores do arco íris é mais amplo do que se costuma e quer acreditar. Da fauna exótica e colorida de tipos até os patricinhos que por mais padronizados que possam parecer se diferem singularmente no meio daqueles milhões de pessoas. Cheguei à Consolação pela Rua Sergipe e me surpreendi com a organização e a “limpeza” nos arredores dos muros do cemitério. A última vez que fui a Parada foi em 2007 e me lembro que aquilo mais parecia com um motel a céu aberto do que com qualquer outra coisa. A parada parece estar assumindo um formato mais politizado e menos debochado. Lógico que muito do que a gente vê descendo a Consolação é o supra-sumo dos clichês potencializado e de alguma maneira contribui para reforçar o caldo da sopa no qual os gays são cozinhados, mas ontem tive uma outra percepção, alguma coisa estava diferente e mexeu com o comportamento das pessoas. Teria sido a quantidade visível de policiais o motivo que gerou o "bom comportamento", ou os gays estariam começando a se adaptar as expectativas do restante da sociedade e se “comportando” em público? Qualquer uma das duas hipóteses levantadas por mim não me agradaria se fosse verdadeira. Não faço parte da turma que acha que é preciso ressaltar as diferenças para se auto afirmar, e muito menos da turma que acredita ser respeitada porque se enquadra nas regras comportamentais ditas normais da sociedade. Não conheço ninguém que não tenha algum tipo de preconceito, aquele que disser que não tem preconceitos é um mentiroso. Não falo especificamente de homofobia, mas de qualquer outro tipo de preconceito. Todos temos, mas os que tentam compreender seus preconceitos e reconhecem as diferenças além de enxergarem em si mesmos muito do que há nos outros, são poucos. Não basta ver o mundo somente a partir do próprio umbigo. Por isso considero em vão o esforço tanto daqueles que se sacrificam para parecerem iguais como dos que fazem questão de expor suas diferenças em público. Nada pode ser tão limitador (e doloroso) quanto à ignorância sobre si mesmo.

Um comentário:

Lícia disse...

Li um artigo que trata da tara dos padres, homofobia, defesa do celibato. Tudo uma coisa só, não? A conclusão, lógico, da conta de que o problema afetivo dos padres que se traduz em todas essas aberrações citadas a cima, não é gerada, em parte, pela violência do dogma celibato e sim pela aberração da homosexualidade...
Depois disso, vindo do segundo homem na hierarquia do Vaticano só posso defender mais e mais a Parada e seu grito.
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHUUHHUUUUUUUUUUU!!!