Fui almoçar na casa de um casal de amigos no domingo. O dia amanheceu ensolarado e os dois moram em Neully um bairro residencial e nobre pouco afastado do centro de Paris. No cardápio churrasco. Oui. Você leu corretamente: churrasco. Basta o sol começar a aquecer as cabecinhas deles e eles já querem fazer tudo do lado de fora. Ele, um melange austro americano, ela uma berlinense daquelas legítimas, alta, magra, simpática, falante e com opinião. Moram na cobertura um duplex com terraço de 70 metros quadrados, jardim e bla bla. Um luxo numa cidade como Paris. No dia anterior me lembrei da primeira vez que fui a um churrasco na Áustria. O almoço terminou e eu fui diretamente a um restaurante porque o churrasco havia servido para abrir meu apetite. Temi que no almoço de ontem eu repetiria a experiência. Mas não, pelo contrário foi um almoço agradabilíssimo e farto graças a Deus, sem constrangimentos do tipo uma baguette para quatro. O que pode acontecer facilmente por essas bandas.
No final da tarde fui ao encontro de um amigo. Havíamos combinado de nos encontrar num Café e quando cheguei me assustei com sua aparência. Na conversa ele disse que se sentia muito deprimido, que não conseguia mais executar pequenos trabalhos como sempre fez, que não tinha mais vontade de manter sua casa limpa (escuto muitas vezes essa história, deve ser um traço típico dos deprimidos aqui), que estava se achando velho, sua vida sexual estava um horror e a lista de descontentamento consigo mesmo foi aumentando e aumentando. Percebi que ele precisava falar e o escutei atenta e pacientemente. Também tenho dias parecidos, compreendo. Não tem muito o que fazer a não ser escutar. Depois me ofereci para ajudá-lo no que precisasse, como, por exemplo, ajudá-lo a colocar sua casa em ordem. Como estávamos próximos de sua casa eu o acompanhei. Chegando lá ele me convidou para entrar. Queria mostrar uma pedra que havia comprado num antiquário em Brugge, Bélgica. O sujeito que vendeu a pedra ao meu amigo jurou com os dois pés juntos que ela é um pedaço de meteorito encontrada sei lá onde no século XIX. Bem. O que dizer? Ele quis saber minha opinião. Não entendo de pedras nem de meteoritos. Custou caro. Quando ele me disse o preço senti que teria que tomar cuidado com a minha opinião. Tudo bem, caro ou não caro nesse caso é subjetivo, o valor do objeto deve ser medido pelo interesse do comprador, por sua admiração e vontade de possui-lo. Eu já vi pedras parecidas antes e nunca dei valor algum a elas. Se encontrasse uma no meio da rua provavelmente chutaria para o lado. E não sei como perceber se ela é realmente um pedaço de meteorito ou um pedaço de uma rocha qualquer. Então percebi que sua depressão estava diretamente ligada a compra dessa pedra. Sei lá como. Na hora entendi que ele desconfiava da legitimidade do objeto. “Você já pagou o sujeito?” fiz a pergunta. “Sim, não posso mais devolvê-la.” Pois então agarre-se a idéia de que você agora tem um pedaço de meteorito e que essa pedra vai mudar a energia de sua casa. “Você acha mesmo que ela é capaz de fazer isso?” Lógico que acho!
Hoje acordei pensando nessa maldita pedra e no desgraçado que a vendeu ao meu amigo. Depois falei com os meus botões, mas por que não? Talvez ela realmente seja um pedaço de meteorito e se meu amigo acreditou que ela vai mudar a energia de sua casa, então ótimo, é isso o que importa. Liguei para ele agora pouco. Atendeu com a voz mais disposta que ontem. Contou que havia passado a manhã pondo a casa em ordem e que fez uma espécie de altar para o meteorito. Ai meu Deus!
No final da tarde fui ao encontro de um amigo. Havíamos combinado de nos encontrar num Café e quando cheguei me assustei com sua aparência. Na conversa ele disse que se sentia muito deprimido, que não conseguia mais executar pequenos trabalhos como sempre fez, que não tinha mais vontade de manter sua casa limpa (escuto muitas vezes essa história, deve ser um traço típico dos deprimidos aqui), que estava se achando velho, sua vida sexual estava um horror e a lista de descontentamento consigo mesmo foi aumentando e aumentando. Percebi que ele precisava falar e o escutei atenta e pacientemente. Também tenho dias parecidos, compreendo. Não tem muito o que fazer a não ser escutar. Depois me ofereci para ajudá-lo no que precisasse, como, por exemplo, ajudá-lo a colocar sua casa em ordem. Como estávamos próximos de sua casa eu o acompanhei. Chegando lá ele me convidou para entrar. Queria mostrar uma pedra que havia comprado num antiquário em Brugge, Bélgica. O sujeito que vendeu a pedra ao meu amigo jurou com os dois pés juntos que ela é um pedaço de meteorito encontrada sei lá onde no século XIX. Bem. O que dizer? Ele quis saber minha opinião. Não entendo de pedras nem de meteoritos. Custou caro. Quando ele me disse o preço senti que teria que tomar cuidado com a minha opinião. Tudo bem, caro ou não caro nesse caso é subjetivo, o valor do objeto deve ser medido pelo interesse do comprador, por sua admiração e vontade de possui-lo. Eu já vi pedras parecidas antes e nunca dei valor algum a elas. Se encontrasse uma no meio da rua provavelmente chutaria para o lado. E não sei como perceber se ela é realmente um pedaço de meteorito ou um pedaço de uma rocha qualquer. Então percebi que sua depressão estava diretamente ligada a compra dessa pedra. Sei lá como. Na hora entendi que ele desconfiava da legitimidade do objeto. “Você já pagou o sujeito?” fiz a pergunta. “Sim, não posso mais devolvê-la.” Pois então agarre-se a idéia de que você agora tem um pedaço de meteorito e que essa pedra vai mudar a energia de sua casa. “Você acha mesmo que ela é capaz de fazer isso?” Lógico que acho!
Hoje acordei pensando nessa maldita pedra e no desgraçado que a vendeu ao meu amigo. Depois falei com os meus botões, mas por que não? Talvez ela realmente seja um pedaço de meteorito e se meu amigo acreditou que ela vai mudar a energia de sua casa, então ótimo, é isso o que importa. Liguei para ele agora pouco. Atendeu com a voz mais disposta que ontem. Contou que havia passado a manhã pondo a casa em ordem e que fez uma espécie de altar para o meteorito. Ai meu Deus!