Os últimos dias da semana foram de constatações. Saber esperar é algo que não se aprende voluntariamente, mas na marra. Os acontecimentos têm seu próprio tempo, que na maioria das vezes não é o que desejamos, mas que dita o nosso, então o melhor a fazer é seguir os conselhos da sexóloga/política Marta Suplicy quando ministra do turismo, não se estresse, se renda, relaxe e goze.
Esperar. Sentar num café e esperar. Ou ir a uma pequena exposição gratuita no Hotel de Ville chamada “Paris no tempo dos impressionistas” que relaciona os pintores que viveram em Paris na segunda metade do século 19 com a reconstrução da cidade feita por Haussmann. Enquanto se espera pode-se também amadurecer a visão, quero dizer, a percepção do real e do entorno. Devo ter passado pelo menos algumas dezenas de vezes diante da obra intitulada “Seule” de Toulouse Lautrec nas minhas inúmeras visitas ao Musée Dorsay, mas ela precisou sair de lá e vir para o Hotel de Ville para eu percebê-la. Uma pequena tela, óleo sobre papel, que por razões que eu não saberia explicar, dessa vez me fisgou.
O tempo esta semana também me fez sentir seu lado sádico. Esperei dias para dar continuidade a um conto que havia começado a escrever e não sabia mais o que fazer com ele. Esperei. Sentado. Dias. Noites. Até que ontem movido pela insônia resolvi retomá-lo e voilá ele ganhou vida. Bom. Quase terminado.
Esperar o tempo amadurecer reflexões e decisões pode ficar mais agradável se você fizer uso de instrumentos que tem a mão. Para quem gosta de musica clássica, uma boa alternativa é ouvir a Radio Classique Française pela internet. O site é o http://www.radioclassique.fr que trás um programação variada e rica, fugindo da transmissão pautada pela mesmice das outras rádios.
Idéias fixas, obsessões e compulsões de qualquer tipo não são antídotos contra esse lado sádico da personalidade do tempo. Isso só agrava a aflição e confere poder a ele. Não tem como escapar dessa equação, se ficar o bicho come, se fugir o bicho pega.
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