Ontem assisti um filme na tv chamado “Bom Apetite”, um filme espanhol que conta a história de três jovens cozinheiros (um espanhol, um italiano e uma alemã) que trabalham num restaurante conceituado em Zurique. Uma historinha bem contada, com bons atores, mas com desenrolar e final previsível. O que ficou do filme foi um pensamento que me acompanhou hoje o dia inteiro. A velha obsessão de tentar reconhecer o que é real e o que é ficção dentro de uma cabeça apaixonada. No filme, a alemã que trabalha no restaurante como sommelier, tem um relacionamento com o chefe. Ela acaba se abrindo com os dois amigos, mas não consegue se convencer dos seus argumentos sobre as verdadeiras intenções do chefe. Bom, ela está apaixonada por ele, e isso é o suficiente para cegá-la. Já estive em situações parecidas, e me lembro de ter tido consciência do que realmente estava acontecendo, mesmo que essa consciência não fosse de toda clara. Preferi deixar rolar, investi na história para ver o que aconteceria depois. Não teria adiantado em nada se algum amigo tivesse querido me preservar do futuro desastre que só ele conseguia ver naquele momento. Porque você está totalmente infectado com o vírus da paixão. Ele se mistura ao sangue e impede que qualquer argumento racional seja mais forte do que aquilo que está sentindo. Você se torna viciado em seus próprios sentimentos, você gosta de estar sentindo o que sente, a sensação é muito parecida com os efeitos de qualquer uma dessas drogas que proporciona bem estar. Na condição de apaixonado você é impelido a acreditar naquilo que quer e não na razão ou no que outros dizem. Vi o filme até o fim porque queria ter certeza de que o roteiro terminaria do jeito que imaginei. E ele terminou exatamente como pensei. Mas de volta a realidade e as minhas reflexões. Se eu tivesse esse poder de prever e interromper o andamento das situações antes que elas pudessem me machucar, acho que eu não ia ser mais feliz ou satisfeito. Distinguir a ficção da realidade não ajuda a gente a ser mais feliz ou sofrer menos. E a vida seria simplesmente horrível se não criássemos situações fictícias para suportá-la. Ou você vê algum sentido nela?
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