Quando saía de casa hoje de manhã deparei com um sujeito gritando no meio da calçada com uma garrafa de plástico grudada no ouvido. Ele falava e gesticulava como se tivesse um interlocutor do outro lado da linha de seu suposto telefone celular. Lembrei imediatamente da crônica de hoje do Contardo Calligaris na Folha de São Paulo, em que ele comenta os recentes saques nas ruas de Londres e faz um pequeno paralelo com a Revolução Francesa. Calligares fala um pouco sobre a idéia que temos do que são produtos de primeira necessidade hoje e na época. Fala também da mutação dos códigos de valores da sociedade contemporânea, que hoje muito mais têm a ver com os objetos que possui do que com sua origem social. Uma reflexão clara e objetiva, apesar do pouco espaço em sua coluna. Não dá para discordar de seus argumentos, basta observar as pessoas nas ruas. Talvez sem seu “telefone celular” eu também não teria notado o sujeito que passou por mim na calçada.
Um quarteirão acima, a caminho do supermercado deparei com uma família inteira dormindo a céu aberto. Caixotes, restos de comida, cobertores, uma tv, dois cães, um casal e duas crianças ocupavam parte da calçada. Sempre que sou confrontado com uma situação dessas penso em como essas pessoas chegaram ali, a ponto de perderem tudo e ir parar no olho da rua. Penso de onde vieram e o que vai acontecer com elas, para onde vão e se um dia terão uma vida digna. Não vou entrar na discussão do papel do estado porque tenho muitas dúvidas a respeito da eficácia do braço estatal para resolver essas questões depois que ela chegam a esse ponto. Acredito que os investimentos deveriam ter sido feitos muito antes, preventivamente. Não consigo acreditar no crescimento de nenhum país que não invista na educação de seus cidadãos. Você pode me dizer o que quiser sobre o crescimento econômico do Brasil nos últimos dez anos e da suposta inclusão de sei lá quantos milhões de pessoas no mercado, mas eu não consigo ver nada disso na prática e no cotidiano. A pobreza impera. E não falo apenas da pobreza material, falo da pobreza intelectual, das péssimas condições de ensino do país e no atraso que isso representa num mundo cada vez mais competitivo e globalizado. Se você sair do seu meio de “gente diferenciada” e ir conversar com aqueles que imagina menos diferenciados, vai perceber que não tem muita diferença entre esses mundos, uns podem ter mais condições econômicas que os outros, mas no geral o bem estar para eles está diretamente ligado a sua força consumidora e posses. Acredito que o diferencial entre sociedades que são mais ou menos evoluídas (não venha me dizer que o conceito de sociedades evoluídas é relativo) esteja na força intelectual de seus integrantes. Pode-se aprender a pensar. O poder de reflexão do indivíduo é também sua força, é ele que vai proporcionar uma visão mais crítica sobre si mesmo e sobre seu entorno, e isso vai refletir coletivamente.
Um quarteirão acima, a caminho do supermercado deparei com uma família inteira dormindo a céu aberto. Caixotes, restos de comida, cobertores, uma tv, dois cães, um casal e duas crianças ocupavam parte da calçada. Sempre que sou confrontado com uma situação dessas penso em como essas pessoas chegaram ali, a ponto de perderem tudo e ir parar no olho da rua. Penso de onde vieram e o que vai acontecer com elas, para onde vão e se um dia terão uma vida digna. Não vou entrar na discussão do papel do estado porque tenho muitas dúvidas a respeito da eficácia do braço estatal para resolver essas questões depois que ela chegam a esse ponto. Acredito que os investimentos deveriam ter sido feitos muito antes, preventivamente. Não consigo acreditar no crescimento de nenhum país que não invista na educação de seus cidadãos. Você pode me dizer o que quiser sobre o crescimento econômico do Brasil nos últimos dez anos e da suposta inclusão de sei lá quantos milhões de pessoas no mercado, mas eu não consigo ver nada disso na prática e no cotidiano. A pobreza impera. E não falo apenas da pobreza material, falo da pobreza intelectual, das péssimas condições de ensino do país e no atraso que isso representa num mundo cada vez mais competitivo e globalizado. Se você sair do seu meio de “gente diferenciada” e ir conversar com aqueles que imagina menos diferenciados, vai perceber que não tem muita diferença entre esses mundos, uns podem ter mais condições econômicas que os outros, mas no geral o bem estar para eles está diretamente ligado a sua força consumidora e posses. Acredito que o diferencial entre sociedades que são mais ou menos evoluídas (não venha me dizer que o conceito de sociedades evoluídas é relativo) esteja na força intelectual de seus integrantes. Pode-se aprender a pensar. O poder de reflexão do indivíduo é também sua força, é ele que vai proporcionar uma visão mais crítica sobre si mesmo e sobre seu entorno, e isso vai refletir coletivamente.
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