18.11.04

OÁSIS.



Que bom seria se todos os dias
eu pudesse sentir a mesma sensação
agradável de ausência de urgência (rimou por acaso)
que hoje por alguns minutos pude sentir.
Fui cortar o cabelo (os poucos que me restam)
e enquanto o barbeiro passava a máquina
ele me contou um pouco de seu passado
(é português o seu Borges)
Senti que a saudades apertou e ele
se emocionou.
Naturalmente, ele enxugou as lágrimas e se
sentou ao meu lado. Disse a ele que não se envergonhasse,
que deveria chorar a saudade toda. E foi exatamente
o que ele fez. Pediu que a manicure fosse buscar
dois cafés no restaurante logo em frente sentou-se
ao meu lado e falou por mais de meia hora.
Bom demais ouvi-lo. Suas histórias e lembranças
distantes. Bom demais os quarenta ou mais minutos
de histórias contadas ao pé de ouvido.
Me senti humano, como há tempos não vinha me
sentindo.

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