Tive que ir a Brasília a trabalho em viagem bate/volta. Morei lá por mais de seis meses em oitenta e seis, ainda no século passado. Depois de vinte e dois anos e virada de século, achei que não mudou muita coisa. Brasília é uma cidade agradável para se morar. Espaçosa, iluminada, arborizada, de vez em quando sopra um vento com cheirinho de mato, e uma mistura rica de gente de tudo quanto é lugar que migrou para lá. Assim que cheguei, ainda no percurso aeroporto/cidade, me deu um leve saudosismo, mas passou rapidinho. Com todos os problemas de São Paulo não gostaria de morar em qualquer outra cidade. Talvez todo brasileiro fale como eu quando fale de sua cidade, mas é assim que sinto. Fiquei hospedado na casa de um querido amigo, que na época já morava lá, e o mais gostoso foi perceber que eles continuam cultivando o hábito de se encontrar para jantar juntos, intercalando as casas, ora se cozinha na de um, ora na do outro. Assim se conversa muito, troca-se idéias, se fofoca e etc. Hábito esse que eu sinto que nós paulistanos estamos perdendo. Não acho que tem a ver somente com os problemas da cidade, como a maioria das pessoas que conheço gosta de citar o trânsito e a violência isso ou aquilo. Tem a ver com a vontade de se isolar, falta de paciência, preguiça, egoísmo e não sei mais o que. Talvez até porque estamos nos tornando menos tolerantes. Tudo parece um pouco mais pesado, mais estreito, menos generoso de uns tempos para cá. Talvez realmente tenha a ver com o estresse que a cidade nos impõe, mas acho que se continuarmos nessa toada, em pouco tempo nos transformaremos em estranhos amigos. Gente que se conhece, mas que não sabe muito da vida do outro, ou de como o outro pensa, quais são seus verdadeiros sentimentos, enfim, uma relação mais distanciada, menos intimista. Eu mesmo sou um sujeito que aprecia a solidão. Não tenho medo de estar só. Ocupo bem o meu tempo com leituras, vejo filmes e preciso ficar sozinho para escrever. Mas confesso que de vez em quando sinto falta dos amigos para dividir pensamentos e agregar outros novos. Além da vontade de voltar e rever os meus amigos, e de novamente degustar o delicioso bacalhau que comi na casa de um deles, trouxe esses pensamentos de lá comigo. Na bagagem, o que mudou, o que fazer, o que não fazer. Vinte e quatro horas longe de casa, e um montão de novas idéias para pensar.
10.12.08
BATE E VOLTA
Tive que ir a Brasília a trabalho em viagem bate/volta. Morei lá por mais de seis meses em oitenta e seis, ainda no século passado. Depois de vinte e dois anos e virada de século, achei que não mudou muita coisa. Brasília é uma cidade agradável para se morar. Espaçosa, iluminada, arborizada, de vez em quando sopra um vento com cheirinho de mato, e uma mistura rica de gente de tudo quanto é lugar que migrou para lá. Assim que cheguei, ainda no percurso aeroporto/cidade, me deu um leve saudosismo, mas passou rapidinho. Com todos os problemas de São Paulo não gostaria de morar em qualquer outra cidade. Talvez todo brasileiro fale como eu quando fale de sua cidade, mas é assim que sinto. Fiquei hospedado na casa de um querido amigo, que na época já morava lá, e o mais gostoso foi perceber que eles continuam cultivando o hábito de se encontrar para jantar juntos, intercalando as casas, ora se cozinha na de um, ora na do outro. Assim se conversa muito, troca-se idéias, se fofoca e etc. Hábito esse que eu sinto que nós paulistanos estamos perdendo. Não acho que tem a ver somente com os problemas da cidade, como a maioria das pessoas que conheço gosta de citar o trânsito e a violência isso ou aquilo. Tem a ver com a vontade de se isolar, falta de paciência, preguiça, egoísmo e não sei mais o que. Talvez até porque estamos nos tornando menos tolerantes. Tudo parece um pouco mais pesado, mais estreito, menos generoso de uns tempos para cá. Talvez realmente tenha a ver com o estresse que a cidade nos impõe, mas acho que se continuarmos nessa toada, em pouco tempo nos transformaremos em estranhos amigos. Gente que se conhece, mas que não sabe muito da vida do outro, ou de como o outro pensa, quais são seus verdadeiros sentimentos, enfim, uma relação mais distanciada, menos intimista. Eu mesmo sou um sujeito que aprecia a solidão. Não tenho medo de estar só. Ocupo bem o meu tempo com leituras, vejo filmes e preciso ficar sozinho para escrever. Mas confesso que de vez em quando sinto falta dos amigos para dividir pensamentos e agregar outros novos. Além da vontade de voltar e rever os meus amigos, e de novamente degustar o delicioso bacalhau que comi na casa de um deles, trouxe esses pensamentos de lá comigo. Na bagagem, o que mudou, o que fazer, o que não fazer. Vinte e quatro horas longe de casa, e um montão de novas idéias para pensar.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Espero que ainda possamos beber uns copos juntos e ficar à conversa horas e horas...
http://je-bois.livejournal.com/
Postar um comentário