Quase cem por cento das pessoas que conheço não gostam de envelhecer e querem ser magras. A maioria quer permanecer jovem ou parecer mais jovem. Não se conformam com as marcas do tempo e querem apagar os sinais provocados por ele. Essas pessoas acreditam no sacrifício, crêem na privação dos prazeres como fórmula para a eterna juventude e passam a vida seguindo fórmulas e dietas. Buscam incansavelmente a fonte da juventude e, sem perceber, rapidamente vão se tornando velhas, feias e chatas. Tenho a impressão de que não conseguem compreender que o acúmulo de experiências deveria lhes servir como diferencial. São as pessoas mais beges de todas as outras beges que conheço. Empatam no quesito “idiotas de plantão” com os politicamente corretos. Passam jantares inteiros te enchendo o saco com suas receitas e conversas previsíveis, assim como os falsos moralistas, e não falam de outra coisa senão de cirurgias plásticas, ginástica e performance. O sujeito tem oitenta anos e passa horas tentando te convencer de suas façanhas sexuais ou de alguém que ele encontrou e o elogiou por “estar tão bem”, a mulher de boca retorcida e lábios de boneca inflável por outro lado insiste em querer parecer natural enquanto você tenta entender o que ela te falou. O que fazer para se livrar dessa gente? A resposta é romper com eles. Não tem jeito, não tem explicação plausível que consiga convencê-los de que suas vidas ficariam mais fáceis e mais prazerosas se desistissem de querer parecer com o que não são. Então o jeito é desistir deles. Relaxe. Eles que querem ser jovens e magros que se entendam! Almoçar ou jantar sem essas pessoas pode ser uma experiência divina. Comer e beber sem sentir o olho gordo atravessando as paredes de seu copo de vinho e pousando sobre seu prato de risoto coberto de queijo parmesão é uma sensação de liberdade tão grande quanto se jogar de uma ponte preso a uma corda elástica. Tente. O ditado popular melhor sozinho que mal acompanhado é de uma sabedoria inequívoca.
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