21.9.10

STEP DANCE


Já ouvi muitas pessoas dizerem que tem vontade de jogar fora seus celulares ou computadores. Principalmente quando eles não correspondem as suas expectativas, ou melhor, quando eles não fazem o que seus proprietários gostariam que eles fizessem. Não me surpreendo com a reação de ódio e amor que elas desenvolvem por seus aparelhinhos de estimação. São pessoas inteligentes e sensíveis e sabem que eles foram feitos para serem usados e comandados pelo ser humano que os detém, mas na hora em que eles emperram, ou que seus limites ficam expostos, elas enlouquecem. Acho que um dos problemas está no fato de que todos esses aparelhinhos de estimação vêem ao mundo junto com a idéia de que podem tudo e a gente aacaba creditando que realmente eles podem. “Esse celular é o máximo, ele pode tudo, até falar com você ele fala, tira fotos, faz filmes, envia e recebe mensagens rapidamente, você pode baixar mais de 3.000 músicas, ver a novela das 8, fazer sexo virtualmente, uma maravilha!” Lógico que se ele não obedecer um dos itens por falta de habilidade do proprietário a culpa é dele e de ninguém mais. Normalmente ele vem com um manual de instruções, mas para que ler esse misto de bula e bíblia se a gente já sabe tudo sobre ele? É só ligar. Pronto, ele funciona e como num passe de mágica ele vai fazendo as coisas sozinhas, dá até ordens ao seu novo escravo. Aperte o botão estrelinha se quiser isso, o zero se quiser aquilo e a coisa funciona e nos convence de nossa habilidade. Dia desses, em frente o liceu Charlemagne vi uma garota sapateando sobre um celular. Quando ele escapava das solas dos seus sapatinhos outras duas garotas disputavam o direito de estraçalhá-lo. Um grupo de garotos observava tudo relativamente de perto, quando o celular foi parar a alguns centímetros dos pés deles, aí a coisa degringolou, um deles pegou o coitado e o arremessou contra o muro do colégio. O celular espatifou-se em vários pedaços que foram por fim disputados e chutados para longe. Um verdadeiro massacre em praça pública, que culminou em aplausos e gritos eufóricos e a imediata apresentação do novo aparelho da garota para todo mundo ver. Assisti estupefato ao esquartejamento do aparelho rejeitado e ao batizado do novo felizardo. O infeliz foi substituído por um outro ainda mais rápido e melhor, com capacidades inenarráveis e inteligência superior, com muito mais utilidades. Quase um deus com design moderno, mais leve e menor, mais fino e mais, mais, deixo pensar, hum... mais, mais... ah sei lá, só sei que ele vai ser mais e melhor. Porque é assim que as coisas devem ser não é? Mais e melhor? Aliás, não é assim que as coisas funcionam na vida da gente? Custo e benefício? Então, não é assim que funcionam as relações entre as pessoas? Enquanto funcionarem e servirem para alguma coisa elas prestam, e quando não mais tiverem uma função eu as descarto? Não? Não é assim que a vida funciona? Jura que não? Ih, agora deu um nó na minha cabeça. Espera um pouquinho, vou perguntar para os meus seguidores do twitter o que eles pensam e te respondo.

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