Quero, não quero. Quero, não quero. Quero.
Na me lembro se já comentei que um dos livros que mais me chamaram atenção este ano, foi de uma escritora francesa chamada Muriel Barbery. O livro editado pela Companhia das letras aqui no Brasil se chama “A elegância do ouriço”. O que me agrada muito no livro é seu modo de descrever e narrar as situações com extrema delicadeza e minúcia, sem ser chata e se alongar de modo prolixo. Nesse livro ela cita várias vezes o cineasta Yasujiro Ozu, e eu que nunca tinha visto um filme dele, ontem passei numa locadora e trouxe um para casa para assisti-lo. Loquei o “Pai e Filha” de 1949 e gostei bastante. Delicadeza do cotidiano na relação de pai e filha, e a obediência as regras, ou melhor, o respeito a seqüência natural que deve se seguir para que a vida siga seu rumo. O sorriso constante estampado no rosto da filha, demonstrando toda sua felicidade em servir ao pai, e depois a tristeza de ter que seguir um caminho que preferia não seguir, mas que o faz também para satisfazê-lo. Voltando para o livro, que tem uma passagem linda onde ela fala sobre a arte e a beleza e num trecho nos pergunta: “Onde se encontra a beleza? Nas grandezas das pequenas coisas que, como as outras, estão condenadas a morrer, ou nas pequenas coisas que, sem nada pretender, sabem incrustar no instante uma preciosa pedrinha de infinito?”
Ontem fui ao lançamento do livro “Antologia Sado Masoquista da literatura brasileira”. O livro foi organizado por Antonio Vicente Seraphim Pietroforte e Glauco Mattoso. Fui convidado por um dos contistas, o Gustavo Vinagre. Já comecei a ler. Tem dor. Muita dor. E prazer, muito prazer. É bom e provoca os sentidos. Machado de Assis, Marcelino Freire, Glauco Mattoso, Cruz e Souza, João Silvério Trevisan, Ivana Arruda, e outros bons escritores estão lá dentro. Vale a pena ler. Não tenha medo de sentir dor ou prazer, tanto um como outro sentimento/sensação estão embutidos em tudo que a gente faz/diz/pensa, é que na maioria das vezes a gente nem percebe.