Voltei para casa cansado. E enfezado. Não tem nada a ver com o tempo em que fiquei fora, lá fora eu já me sentia assim, enfezado, contrariado, esquisito. Não sei por que. Talvez por saber que teria que recomeçar a semana fazendo trabalhos que não me dão prazer. Talvez por estar na entre safra, revisando meu novo livro e no fundo não criando nada. Talvez por haver um excesso de nada e insignificância no ar. Talvez porque essa insignificância tenha afetado o espírito da maioria das pessoas. O lixo continua crescendo e vazando pelas bordas. Ninguém quer ver. Então vamos continuar assim, desviando da sujeira, atravessando a rua para não ter que sentir o cheiro dos miseráveis que dormem na calçada, respirando o ar poluído e nojento da cidade. Sou chato. Mas me recuso a achar normal o que é injusto e desumano e mais ainda quando sei que alguma coisa poderia ser feita para mudar uma situação provocada pelo descaso. Sei que desviei do assunto do inicio do post, mas tem a ver. Porque a coisa fica mais interessante quando mais complexa. Mas ninguém parece querer enfrentar novos desafios. Vamos para dentro dos Shoppings. Há até um aqui pertinho que dizem ter aroma no ar. Feito para provocar os sentidos dos clientes. Sei. Provocar sentidos. Os meus já estão irritados. A raiva tem um cheiro azedo, o amor nem sempre consigo perceber, e os ignorantes cheiram a qualquer coisa, o que a gente quiser que eles cheirem.
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