Quase todos os dias escuto pessoas falarem “no meu tempo as coisas eram diferentes”. Quando morei na Áustria, ouvia essa frase sistematicamente. Eles têm o vício de comparar o passado supostamente glorioso com o presente enxuto do país que um dia teve a pompa da monarquia habsburguense. O número de gente mais velha lá é percentualmente bem maior do que no Brasil. Pelo menos era assim há dez anos. Na época pensava “que saco ter que ouvir essa gente fazer comparações entre épocas o tempo inteiro!”. Agora ouço as pessoas repetirem a mesma frase em todos os lugares, dentro dos vagões do metrô, nas esquinas, nas filas dos cinemas. A vida dos homens realmente mudou, mas o que mudou? As pessoas têm a tendência de depreciar o presente e enaltecer o passado, talvez uma forma de não ter que enfrentar os desafios cotidianos. Na vida real lembranças em preto e branco se transformam rapidamente em cartão postal colorido, e a percepção do presente é quase sempre cinza. Pergunto de novo, o que mudou? O homem basicamente continua o mesmo, acho que deve dar para fazer comparações através do estudo de sua história. Fome, guerras, migração de povos, genocídios continuam acontecendo até hoje.
O que mudou foi todo o aparato tecnológico desenvolvido pela inteligência do homem, mas se tirarmos a tecnologia, o desenvolvimento científico, o homem continua o mesmo. O mesmo ser que se agrupava para brigar por um pedaço de terra continua fazendo guerras por territórios, o mesmo ser que era capaz de matar seu semelhante para ficar com um pedaço de carne maior que a de seu vizinho, mata hoje para ter o controle das fontes energéticas, e se espiarmos um pouquinho a vida privada de cada um, vai ser mais fácil ainda fazer comparações. Basta olhar para dentro da vida das famílias. Brigas por pequenezas, egoísmo, ciúme, rancor, assassinatos por amor, dinheiro, poder, independente da condição econômica e social do indivíduo.
O ser humano não mudou, agregou valores (duas palavras bem atuais) tecnológicos. Conseguiu encurtar o tempo das viagens, das correspondências, a comunicação acontece ao vivo, a imagem, a voz, tudo é simultâneo e real. Pusemos os pés na lua, em marte, mas continuamos primitivos na psique, e nos locomovemos com as quatro patas no chão quando o assunto é sentimento ou relacionamentos inter pessoais. É aí que pega e muita gente não quer, ou não tem condição de sentir e ver. Mudou a paisagem, mudou a geografia, a fisionomia, a biologia, e o homem é o agente de todas essas mudanças, mas apesar de todo desenvolvimento provocado por ele mesmo, não conseguiu (pelo menos até agora) fazer uso de sua inteligência para resolver seus instintos mais primitivos.
O que mudou foi todo o aparato tecnológico desenvolvido pela inteligência do homem, mas se tirarmos a tecnologia, o desenvolvimento científico, o homem continua o mesmo. O mesmo ser que se agrupava para brigar por um pedaço de terra continua fazendo guerras por territórios, o mesmo ser que era capaz de matar seu semelhante para ficar com um pedaço de carne maior que a de seu vizinho, mata hoje para ter o controle das fontes energéticas, e se espiarmos um pouquinho a vida privada de cada um, vai ser mais fácil ainda fazer comparações. Basta olhar para dentro da vida das famílias. Brigas por pequenezas, egoísmo, ciúme, rancor, assassinatos por amor, dinheiro, poder, independente da condição econômica e social do indivíduo.
O ser humano não mudou, agregou valores (duas palavras bem atuais) tecnológicos. Conseguiu encurtar o tempo das viagens, das correspondências, a comunicação acontece ao vivo, a imagem, a voz, tudo é simultâneo e real. Pusemos os pés na lua, em marte, mas continuamos primitivos na psique, e nos locomovemos com as quatro patas no chão quando o assunto é sentimento ou relacionamentos inter pessoais. É aí que pega e muita gente não quer, ou não tem condição de sentir e ver. Mudou a paisagem, mudou a geografia, a fisionomia, a biologia, e o homem é o agente de todas essas mudanças, mas apesar de todo desenvolvimento provocado por ele mesmo, não conseguiu (pelo menos até agora) fazer uso de sua inteligência para resolver seus instintos mais primitivos.
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