17.9.09

VARIEDADES HUMANAS

Quando o assunto é gente meu humor oscila muito. Tem horas que tenho vontade de não me comunicar, não conhecer, horas em que a desesperança e o saco cheio é total. Outras vezes aprecio a comunicação e o bate bola com o próximo, quero ir ao encontro de outras espécies e acredito que estamos evoluindo. Não tem muita lógica, nem dependo dos movimentos lunares, mas é assim que as coisas acontecem comigo. Quando estou na fase da negação, prefiro ficar quieto, e quando estou na fase da crença vou para a rua trocar figurinhas.

Vi um casal de cegos, ainda muito jovens, trocando carícias. Observei o passo a passo de suas mãos se procurando e se encontrando, as bocas se tocando, o beijo carinhoso. Depois me senti horrível, um invasor de privacidade. No minuto seguinte deixei de me sentir invasivo. Argumentei para mim mesmo que eles não tinham me visto, portanto. Não. Sim. Não. Constrangedor.

Vi um sujeito dormindo no meio de muito lixo. Se não tivesse olhado fixamente, não saberia distinguir o lixo do ser humano.

Ouvi um pastor de rua solitário gritar ao mesmo tempo em que batia em sua bíblia, que o espírito santo está triste. Muito triste. Seu rosto estava desfigurado.

Fui testemunha de um sujeito que imitava o Michel Jackson na rua, e que interrompeu seu show para avisar uma senhora que fazia parte de seu público que um batedor de carteira estava prestes a roubá-la. O batedor fugiu e o show imediatamente recomeçou.

Hoje me senti bem no meio das duas fases, no lusco fusco entre a negação e a crença no ser humano.

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