Fui finalmente assistir o filme sobre a vida do Gainsbourg, ontem na primeira sessão da tarde. Assisti numa das salas de exibição do complexo no Les Halles. Preço do ingresso 9,50 euros (mais caro que no Brasil), mas a sala te oferece espaço e conforto e uma tela gigantesca com som de primeira qualidade. O filme é o primeiro do diretor Joan Sfaar que na verdade até agora só fazia quadrinhos. Se aventurou e na minha opinião se saiu bem. Fez um filme pop, um pouco no estilo (bem de longe, só como exemplo) do também filme pop sobre a vida da Maria Antonieta feito pela Sofia Coppola. Acho que ele conseguiu essa façanha porque soube contar a história do Gainsbourg sem fazer uma biografia tradicional. O filme é rápido, tem velocidade e ritmo como se tivesse sido feito para lançar o novo cd de alguma banda de rock. Inclui desenhos e bonecos de animação que representam seu ego e sempre aparecem para dialogar com o próprio. Começa com ele ainda menino, mostra a influência sofrida através da relação com pai e toda a tradição familiar judaica, e passa pela guerra antes dele se transformar no Serge Gainsbourg que conhecemos (seu verdadeiro nome era Lucien), comer todas as mulheres mais bonitas de sua época e fumar todos os cigarros do mundo. O leque vai de Brigitte Bardot (Laetitia Casta encarnou a Bardot como se fosse a mesma), Juliette Greco a Jane Birkin (luci Gordon, linda linda linda, mais bonita que a própria Jane Birkin foi). As imagens são bonitas, é muito bem fotografado, tem diálogos inteligentes e cheios de humor e consegue emocionar. O ator que faz o Gainsbourg (Eric Elmosnino) impressiona não apenas pela semelhança (incrivelmente parecido) mas porque fez muito bem o seu trabalho. Acho que vai ser um sucesso de bilheteria, porque além de bem feito, mexe com o sentimento de toda uma geração.
Falei do preço do ingresso de cinema lá em cima, se você achou caro é porque ainda não leu o que vou contar a seguir. Fui procurar um ingresso para assistir La Sonâmbula no Ópera Bastille. Nenhum ingresso para as próximas quatro apresentações (Natalie Dassey, soprano francesa que vi iniciar a carreira quando ainda morava na Áustria, está no elenco). Consegui comprar um dos dois últimos ingressos ainda restantes para o dia 23 de fevereiro. O preço: 150 euros, e não é o melhor lugar do teatro.
A vida encareceu muito por aqui. O preço dos alimentos no supermercado é altíssimo e o mínimo que você vai pagar se quiser comer em qualquer bistrozinho será por volta de 14 euros, sem somar a bebida e o cafezinho. Para uma taça de vinho, um mínimo de 6 euros. O número de engravatados e mocinhas de tailleur que a gente vê na hora do almoço comendo sanduíches ou garfando seus “tapawers” na rua não é por acaso. Faça as contas.