Assisti a um documentário na TV francesa sobre transexuais no Irã. Juro que nunca tinha passado pela minha cabeça que no Irã alguém teria sequer chance de pensar sobre o assunto. Pois não só pensam como vivem como tal. O governo/regime iraniano não apenas permite como financia as operações de mudança de sexo. Por outro lado condena e mata os homossexuais. Homossexuais recebem o enforcamento como punição, já o transexual passa por alguns testes físicos e psicológicos e pode ser operado. Devem seguir as mesmas regras das mulheres e só podem sair para a rua vestindo a burca ou xador. Um universo muito diferente e distante do que conhecemos. Um dos transexuais já operados, uma espécie de assistente social que ampara os outros, disse odiar os gays, diz considerá-los pecadores e etc... Fiquei boquiaberto com a história. E muito triste quando compreendi que alguns homossexuais “optam” pela operação para não morrerem enforcados. O documentário mostrou também um transexual e seu namorado. A mãe do transexual chamava o rapaz/namorado para a responsabilidade, pressionava o casamento dos dois para depois da operação, segundo ela seu filho/trans casado receberia um upgrade e poderia circular normalmente na sociedade.
Para a gente que mora num país onde apesar do machismo e do preconceito, a liberdade de expressão, e também a sexual, é cada vez mais praticada, é complicado entender o raciocínio de quem criou essas regras. Eu nem imaginava que esse tipo de discussão fosse possível no país dos aiatolás. Sinal de que a vida íntima das pessoas não desaparece com a repressão de um regime, graças a Deus! ou a Alá!, de acordo com o gosto do freguês. As pessoas continuam tendo seus desejos, muitas pagam com a própria vida por serem o que são.
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