18.1.10

VARIEDADES


O curso começou hoje. Saí muito cedo de casa, sete e meia e ainda estava muito escuro, a noite não se dispunha a deixar o dia amanhecer. A temperatura baixa, 3 graus abaixo de zero, e o vento gelado obrigou todo mundo a andar ainda mais rápido. Tenho a impressão que os franceses tem rodinha nos pés. Resolvi ir a pé. Daqui do Marais até quase o final do Boulevard Montparnasse preciso de quase uma hora. Mas vale a pena. Encurto o caminho pelo Jardim de Luxemburgo para observar as arvores nuas e homenagear Hemingway que costumava descansar num dos bancos do parque e observar as pessoas em sua temporada em Paris antes de ir encher a cara em algum café do Boulevard Saint-Germain ou ir à alguma corrida de cavalos.








Hoje no final da aula o professor passou um filminho em quadrinhos. Ele mostrou quatro ou cinco quadrinhos e a gente tinha que adivinhar o restante e também o final da história. O brasileirinho aqui matou a charada de primeira. Estou afiado, melhor não desafiar nenhum escritor.

Ainda bem que trouxe meu notebook. O teclado dos computadores franceses tem uma ordem diferente da nossa. No lugar do Q W E eles começam com A Z e... Tinha pensado em comprar um desses pequenininhos de 10 polegadas, mas já não sei se vale a pena.

Encontrei uma pernambucana simpática na escola. Moça bacana. Voltamos juntos de metrô. A classe é um mix de nacionalidades, tem gente da Índia, Siri Lanka (moça linda), chinesa (também um bijouzinho, trabalha com moda e não se entende nada do que ela fala, ela é meio que uma macabéia chinesa e eu espero sinceramente que ela ao menos desenhe bem), Itália e Holanda (louquinha, chama-se Valentina e só por isso já gostei dela). Um exemplo que daria para fazer um cartaz da Benneton.

Fui a Ópera. Assisti Werther do Massenet. Primeiro ato pensei que fosse adormecer, mas o segundo foi muito bom, belas melodias e canções, no terceiro não via a hora da mocinha morrer. Como demorava para morrer antigamente!

Almocei na casa de um amigo que é pintor. Fui conhecer seu ateliê que fica bem próximo a Bastilha. Yves é um sujeito pacato e tímido, acaba de lançar um livro com sua biografia e algumas fotos de suas obras. Éramos cinco convidados, e esvaziamos 6 garrafas de vinho. Lógico que eu fui a cobaia, tive que experimentar vinhos de tudo quanto é região e o fiz sem cerimônia. Saí de lá cruzando as pernas, mas o vento gelado não permitiu que eu parasse para descansar. Fui para a cama e dormi até hoje cedo pouco antes de ir para a escola.







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