Vento gelado, temperatura de –4 graus de manhã. Hoje não tive aula, saí de casa por volta das 11 horas e me enfiei no Louvre. Vi dois pavilhões e quando saí de lá já passava das 15 horas. Deu para ficar a vontade diante das obras para admirá-las, mas saí de lá um caco e precisando de um bom café. Enquanto eu comia alguma coisa e tomava meu café observei um pequeno camundongo (souris) do lado de fora do restaurante querendo entrar para se proteger do frio. Havia alguns casais sentados do lado de fora. O camundonguinho ia de um lado para o outro sem ser percebido. Eu o via porque o nível do piso do interior do café era mais baixo que o da rua e separado por paredes de vidro. O bichinho queria entrar, mas não havia brechas, então ele optou pelo mais fácil, agarrou-se na manga do casaco de um dos clientes que estava pendurado na cadeira e se escondeu no bolso. Por um milésimo de segundo pensei que poderia avisar o casal, mas depois desisti. Uma senhora que estava sentada do meu lado também viu o “souris” se hospedando sorrateiramente no hotel de luxo ambulante. Não dissemos nada, ela, eu não sei porque, eu, porque sempre me simpatizei com o Jerry e na hora só conseguia me lembrar dele.
Segunda a noite fui novamente assistir uma Ópera. Dessa vez no Théâtre du Châtelet, teatro que eu ainda não conhecia. Uma casa que é anterior ao Ópera Garnier, bem menor, mas muito bem preservada. Fui como convidado de André Larquier, que é diretor da casa e meu amigo há mais de vinte e cinco anos. Assisti “Norma” de Bellini. Montagem que ao final foi vaiada pelo público e que mereceu as vaias. O espetáculo teve como ponto alto a soprano Paulina Pfeiffer interpretando a Adalgisa, uma sueca ainda muito jovem com uma voz absurdamente linda e potente que conseguiu colocar Norma em segundo plano, interpretada pela americana Lina Tetriani. Mas as vaias não foram provocadas pelos cantores, mas sim pela “mis em scène” absurdamente mal feita. Duas bolas gigantes eram empurradas o tempo todo pelos integrantes do coro ou pelos cantores. Constrangedor ver Norma tendo que empurrar uma bola três vezes maior que ela e cantar ao mesmo tempo, muitas vezes de costas para o público ou sentada no chão, sua performance como cantora restou prejudicada. No dueto famoso da ópera, um dos mais bonitos entre Norma e Adalgisa, as duas rolavam (não estou mentindo) pelo palco inclinado a cada frase. Os alemães, Peter Mussbach e Daniela Juckel, responsáveis pela direção e cenário mereceram os buuuuuuuus. Adorei as vaias. Fazia tempo que não ouvia bus tão sonoros. Ah, um brasileiro fez parte da montagem, Luciano Botelho, papel pequeno (Flávio), mas muito bem executado, pena não ter tido a chance de soltar a voz num papel de mais destaque.
Amanhã tenho minha primeira prova. Vamos ver o que vai dar. Mais dois alunos se juntaram a torre de babel, um cubano e uma italiana. O grupo é bom, somos dois homens e sete mulheres. Com exceção da chinesa fashion todo mundo entende todo mundo. Ela é linda, alta, magrinha, e muuuuito tímida, quando fala, fala muito baixo e tudo interrompido, como numa conversa mal conectada do Skype. A gente tem que ficar juntando as palavras para entendê-la, não sei por que, mas acho que o cubano vai dar um jeito nela.
Encontrei um livro do Haruki Murakami que é meio que um diário, onde ele escreve sobre si, e sobre seu processo criativo, corridas (corre de 10 a 15 quilômetros todos os dias, ou corria, o livro foi escrito há algum tempo). Uma espécie de diário, muito bacana. Eu não conhecia, não sei se já foi traduzido no Brasil. O que todo escritor sabe, e no livro fica ainda mais evidente , para se escrever é preciso ter muita disciplina, força de vontade, abdicar de muitas coisas. Haruki vendeu sua casa de Jazz para ter dinheiro e somente escrever, sem ter que fazer outra coisa para sobreviver. Enfim. Muita gente deve ter dito que ele era um sonhador. Pois é. Parece romântico, mas é tudo verdade, ele não se vendeu, nem saiu nu nas páginas de alguma revista. Concentrou-se no que achava interessante: escrever.
Segunda a noite fui novamente assistir uma Ópera. Dessa vez no Théâtre du Châtelet, teatro que eu ainda não conhecia. Uma casa que é anterior ao Ópera Garnier, bem menor, mas muito bem preservada. Fui como convidado de André Larquier, que é diretor da casa e meu amigo há mais de vinte e cinco anos. Assisti “Norma” de Bellini. Montagem que ao final foi vaiada pelo público e que mereceu as vaias. O espetáculo teve como ponto alto a soprano Paulina Pfeiffer interpretando a Adalgisa, uma sueca ainda muito jovem com uma voz absurdamente linda e potente que conseguiu colocar Norma em segundo plano, interpretada pela americana Lina Tetriani. Mas as vaias não foram provocadas pelos cantores, mas sim pela “mis em scène” absurdamente mal feita. Duas bolas gigantes eram empurradas o tempo todo pelos integrantes do coro ou pelos cantores. Constrangedor ver Norma tendo que empurrar uma bola três vezes maior que ela e cantar ao mesmo tempo, muitas vezes de costas para o público ou sentada no chão, sua performance como cantora restou prejudicada. No dueto famoso da ópera, um dos mais bonitos entre Norma e Adalgisa, as duas rolavam (não estou mentindo) pelo palco inclinado a cada frase. Os alemães, Peter Mussbach e Daniela Juckel, responsáveis pela direção e cenário mereceram os buuuuuuuus. Adorei as vaias. Fazia tempo que não ouvia bus tão sonoros. Ah, um brasileiro fez parte da montagem, Luciano Botelho, papel pequeno (Flávio), mas muito bem executado, pena não ter tido a chance de soltar a voz num papel de mais destaque.
Amanhã tenho minha primeira prova. Vamos ver o que vai dar. Mais dois alunos se juntaram a torre de babel, um cubano e uma italiana. O grupo é bom, somos dois homens e sete mulheres. Com exceção da chinesa fashion todo mundo entende todo mundo. Ela é linda, alta, magrinha, e muuuuito tímida, quando fala, fala muito baixo e tudo interrompido, como numa conversa mal conectada do Skype. A gente tem que ficar juntando as palavras para entendê-la, não sei por que, mas acho que o cubano vai dar um jeito nela.
Encontrei um livro do Haruki Murakami que é meio que um diário, onde ele escreve sobre si, e sobre seu processo criativo, corridas (corre de 10 a 15 quilômetros todos os dias, ou corria, o livro foi escrito há algum tempo). Uma espécie de diário, muito bacana. Eu não conhecia, não sei se já foi traduzido no Brasil. O que todo escritor sabe, e no livro fica ainda mais evidente , para se escrever é preciso ter muita disciplina, força de vontade, abdicar de muitas coisas. Haruki vendeu sua casa de Jazz para ter dinheiro e somente escrever, sem ter que fazer outra coisa para sobreviver. Enfim. Muita gente deve ter dito que ele era um sonhador. Pois é. Parece romântico, mas é tudo verdade, ele não se vendeu, nem saiu nu nas páginas de alguma revista. Concentrou-se no que achava interessante: escrever.
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