2.5.10

SIRI, COM PRAZER

Desci para o litoral na quinta feira e levei na bagagem dois livros. Um que trouxe de minha estadia em Paris, “Je m’en vais” de Jean Echenoz, escritor que me foi indicado por um vendedor da livraria chamada Tchann situada no Boulevard Montparnasse. Eu sei, o nome da livraria para nós brasileiros parece com nome de grupo bregation mas a livraria é boa e tem vendedores leitores, o que ajuda bastante quando você precisa de informações ou indicações. O outro livro que levei na bagagem foi “Desilusões de um americano” de Siri Hustvedt, escritora que a cada novo livro gosto mais e mais. O livro de Jean Echenoz ganhou o prêmio Goncourt em 1999 e é realmente bom, mas quem me fez companhia durante os últimos quatro dias foi a mulher do também escritor Paul Auster. Li todos os livros do Paul Auster lançados no Brasil, e nenhum deles conseguiu me emocionar tanto quanto “O que eu amava” ou “O encantamento de Lily Dahl”. Estou quase chegando ao fim do romance “Desilusões de um americano” e ele já pode ser incluído nesse rol de livros que me falam muito próximo e me emocionam. Raramente um livro consegue me fazer derramar lágrimas, mas os livros de Siri tem a chave dos meus quartos escuros. Descreve emoções sem ser piegas, e de um parágrafo a outro me faz derreter. Uma de suas características é contar muitas histórias paralelas. Você reconhece o protagonista, mas reconhece também a força de todos os outros personagens. Por exemplo, “Desilusões...” narra a vida de um sujeito que é psicanalista e sua irmã, mas no decorrer da história, Siri enxerta passagens ou referências aos pacientes do psicanalista, e um pouco sobre a vida do marido da irmã, também um pouco da vida da mãe dos dois, e do pai, e de uma desconhecida amiga do pai, e ainda da inquilina do psicanalista e de sua filha. Você vai me dizer “e daí?, muitos escritores fazem isso”. Eu sei, só que raramente conseguem fazer isso com tanta competência, principalmente porque todos os personagens se tornam interessantes, nenhum deles é secundário ou menos importante que o protagonista. Nos romances de Siri, há também muitas informações que servem como referência para sua história, então você lê com prazer e ainda aprende.

Dois dias cinzas e dois ensolarados. Cozinhei, li muito, dormi e tomei sol e banho de mar. Gosto de ir a praia nesses meses mais frios. Ficam vazias, é possível descansar sem ser incomodado por algum sujeito com seu carro caixa de som e a temperatura é das mais agradáveis. Uma amiga que não via há muito tempo veio almoçar comigo. Conversamos bastante e passamos a tarde juntos, sem pressa, sem hora para nada, conversa jogada fora, um prazer que eu às vezes esqueço e que está logo ao lado.

Abaixo uma foto lembrança da casa da praia, mesmo que estourada pela luz do sol, de um bastão de imperador, para começar a semana.


Um comentário:

Lícia disse...

Flor mais bela te aguardava na SEXTA. Lua, amigos e mais que amigos. Lêda dançando e encantando.
Quase sublime, perto do tão amejado.
Só vc faltava para consagração definitiva. Creia, apesar de meu conhecido exagero.
Desculpado querido.