Passei a semana inteira correndo atrás dos preparativos para a inscrição pedagógica do mestrado na Sorbonne. Se você acha que os funcionários administrativos das universidades brasileiras e outros servidores são mal educados e te atendem como se você fosse um cachorro vira-latas fedido, você ainda não viu nada. Venha para cá e tente conversar normalmente com um funcionário das secretarias de atendimento aos alunos da Sorbonne nesses dias, eu nunca vi coisa igual. Nem nos balcões dos fóruns regionais da cidade de São Paulo fui tão mal atendido, e olha que a coisa pode ser muito ruim nas varas. Gente completamente sem educação, grosseiros, maldosos, tipos que te dão respostas irônicas ou constrangedoras e não tem a menor vontade de te atender. Todos, inclusive os alunos de nacionalidade francesa, sem distinção de nacionalidade, cor, religião, e o que mais você quiser, foram maltratados da mesma forma nos dias em que estive lá. Seria melhor se nem abrissem a porta de suas secretarias, afixassem as informações nos corredores da faculdade. O problema é que mesmo as informações afixadas são confusas e mal organizadas, você tem que pescar e juntar lé com cré se quiser entender alguma coisa. Nos dois dias que fui em busca de respostas para as minhas dúvidas sobre horários e nomes dos professores disponíveis, tive a impressão de que estava dentro de algum filme caseiro de pegadinhas exibidos em programas dominicais. Secretárias com idade suficientemente avançada para terem aprendido que um pouquinho de delicadeza pode gerar uma atmosfera menos estressante em dias tumultuados como esses, usam a palavra como balas de metralhadora, distribuem grosserias e reagem a qualquer pergunta como se você tivesse chamado a mãe delas de puta. São tão ridículas que beiram a caricatura. Em alguns momentos tinha até vontade de rir, tão absurdo era o constrangimento provocado. Bom, chega de falar sobre isso que já me incomodou o bastante. O lado positivo é que nos dois dias que fui lá encontrei jovens estudantes franceses muito prestativos e dispostos a ajudarem uns aos outros. Eles mesmos não entendem porque a coisa tem que funcionar dessa maneira. Dizem que é sempre assim no início de cada semestre letivo, um festival de grosserias. Tive sempre a sorte de poder contar com a ajuda deles. Bom, como castigo, segundo a novo pacote do Sarkozy, esses funcionários simpatissíssimos vão ter que trabalhar mais dois anos para poderem se aposentar. O problema é que esse castigo é extensivo aos que nada tem a ver com isso.
Por isso, essa semana não tive nada para contar, estava esgotado, passei por um teste duro de forças, quase um massacre psicológico. Vou pedir para um amigo me trazer essas fitinhas de pulso do Rio de Janeiro onde se pode ler “gentileza gera gentileza” e vou distribuir para as moças das secretarias.
Um comentário:
Esse Sarkozy, aff!
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