Para que um triangulo amoroso se realize é preciso que as três pessoas estejam envolvidas na “trelação”. Quando um dos três é o objeto de desejo mas não participa, então o triangulo não se concretiza. E quando dois estão apaixonados por aquele um que não passa de um hedonista desgraçado que adora ser adulado o tempo inteiro, então o triângulo não fecha. Triângulo ou não, quem não conhece um sujeito que tem como passa tempo fazer de tudo para todo mundo adorá-lo, e que não quer nada além do prazer de se sentir adorado. Saí da sala de cinema onde fui assistir “Amores imaginários” o novo filme de Xavier Dolan reafirmando meu desprezo por sedutores do mesmo naipe do Nicolas. Sedutor que vai até as últimas conseqüências e gosta de dividir o prazer eu gosto, mas os mais comuns do tipo desse Nicolas eu não quero nem passar perto. Não vou contar a história do filme, mas dizer que mesmo tendo lido críticas ruins, eu gostei bastante do novo filme desse canadense de ainda 23 anos, diretor e roteirista do “Eu matei minha mãe” que assisti ano passado (falei sobre o filme aqui no blog). Dolan é talentoso, além de diretor e roteirista é também ator e uma das vértices do triângulo. Divertido, sem frescuras, sensível, direto, debochado, assumido, competente e com um senso de humor refinado. Mesmo que em alguns momentos uma pitada de mundo vintage-modinha-musiquinha-indy tempere o filme, a qualidade da obra não sofre com os exageros. Uma comédia dramática bem feita. Uma das coisas que pensei durante o filme é que ele está procurando um caminho. Está crescendo como cineasta e buscando uma linguagem própria. A desse filme é totalmente diferente da do primeiro, e acho que ele assistiu bastante Woody Allen e Almodóvar, porque o filme é um cruzamento dos dois (mesmo que ainda em gestação). Agora que você já parou de alfinetar as bonequinhas de pano com a cara da Dilma e/ou do Serra, vai sobrar tempo para ir ao cinema. Recomendo.
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