30.10.10

PISANDO EM FOLHAS

Refletindo a possibilidade da vida ser o resultado entre determinação e acidente fui me vendo cada vez mais encurralado. Quanto de determinação seria preciso para que os acidentes se produzissem ao longo do caminho percorrido em função dessa mesma determinação? Os apressados diriam que acidentes não se produzem, por isso mesmo são acidentes, ocorrências inesperadas. Mas e se os acidentes forem acasos independentes? E ainda, e se eles não tiverem nenhuma relação com a determinação, e se auto produzem espontaneamente, desconhecendo o lugar onde são inesperados. Talvez alguns tenham autonomia, vida própria, e estariam determinados a interferir como um raio sobre nossas vidas. Como os personagens de um livro que começa a ser escrito, movidos pelo determinismo do autor, mas sujeitos a mudanças de destino por causa da “autonomia” que adquirem no decorrer da escritura da trama. Uma boa quantidade de acidentes pode tornar a vida bem mais interessante, é fato, mesmo que as vezes inconvenientes. O determinismo puro nada mais seria do que a precocidade da morte, a vida cumprindo uma função biológica, começo meio e fim e nenhuma experiência entre os períodos. Um sujeito poderia insistir, fingir seguir o seu caminho ignorando os acidentes de percurso. Poderia, e sua vida ficaria reduzida a execução do percurso. Mas, consciente da existência desses acasos, isto é, tendo consciência da margem de erro, teria ele condições de evitá-los ou de ao menos desviar da inevitabilidade dos acidentes? Não creio que a maioria dos acidentes é vista como tal, mas como dificuldades advindas da determinação. A reflexão sobre o que acontece “por acaso” é menos profunda, recebe o nome de contratempo. Contratempo.

Um comentário:

Ricardo Dalai disse...

Boa tarde, Sérgio

estou preparando meu projeto de mestrado em literatura.

Gostaria de trocas "umas palavras".
se possível, me mande seu e-mail.

abraço
Ricardo (ricardodalai@gmail.com)