11.12.10

À LA RECHERCHE


Faz muito tempo que não sei o que é dormir um sono de horas ininterruptas. Durmo em conta gotas. Durmo no limite entre os territórios da consciência e o da inconsciência. Um replay da outra metade do dia, onde de alguma forma também fico transitando entre um e outro território. Longtemps, je me suis couché de bonne heure. Na maior parte do tempo é lá que fico, nesse lugar que não é nem um nem outro, e quando estou num quero ir para o outro e quando estou noutro quero voltar para o um. A luz verde permanentemente acesa do pequeno aparelho responsável pela minha conexão com a internete serve como um farol. Sou um rochedo no meio do oceano. Essa é a minha conexão. Voltarei para ela na manhã. Por enquanto me conecto a outros quartos onde dormi parte da minha vida. O perfume das tannenpalm é só uma lembrança. O silêncio. Eu o escuto, também como parte da lembrança. Agora é o cheiro do lixo que sobe com os homens poubelles quando abro as janelas. L’habitude! A única que tenho é a de lutar contra o que pode tornar a ser. Paciência. Não tenho. Volto para o farol e me agarro a ele. Nenhum náufrago a vista. Ouço as batidas do meu coração. Meu computador é equipado com dois. Duo cori está escrito logo ao lado das teclas que pressiono nesse momento. Duo cori. O perfume de vétiver está impregnado em todos os objetos e tecidos. O teto está mais baixo. Posso tocá-lo, mas não. Branco. Frio. Liso. O teto não foi feito para ser tocado. O sino da igreja bateu uma única vez. Meia hora de alguma hora. St Paul. St Paul. St Paul. São Paulo, 25/1/1962, St Paul. Logo ao lado. Faz um milhão de anos que moro num lugar chamado longe.

Nenhum comentário: