Assisti um documentário sobre o poder dos sonhos feito em 2009 por uma inglesa chamada Amy Hardie que me impressionou bastante. Amy é ela mesma a protagonista de seu documentário. Mulher que sempre se considerou racional e cartesiana, ela nunca se lembrava de seus sonhos. Um dia, ela sonha que seu cavalo está lhe dizendo que vai morrer. Assustada ela acorda e vai procurar o cavalo e o encontra morto. Algum tempo depois, ela tem um outro sonho, dessa vez com o primeiro marido já falecido com quem ela teve um filho, que lhe diz que ela morrerá aos 48 anos. O problema é que ela havia acabado de fazer 48 anos poucos dias antes de sonhar. A partir daí ela passa a fazer uma crônica diária, filma suas filhas falando sobre a morte, seu marido que é psicanalista e que tenta analisar seus medos com argumentos racionais para tentar explicar os sonhos, expõem seu medos, filma seu cotidiano em contagem regressiva. Depois de dois ou três meses ela desenvolve uma grave doença nos pulmões, e os médicos que tratam dela não conseguem descobrir a razão e nem a cura para a doença. A gente vai ficando aflito porque tudo nos leva a crer que ela vai filmar a própria morte. Nesse meio tempo ela ouve falar de uma brasileira (tinha que ser) que é xamã e que mora na Escócia. Vai procurá-la e a moça lhe diz que ela tem que sonhar de novo e interferir nesse sonho. As duas fazem um ritual maluco e entram no sonho e conseguem desconectar o processo de morte que ela mesma havia programado ao acreditar na previsão feita no sonho. Ufa, um sufoco, o cavalo reaparece, o medo de serpentes, o ex marido, tudo volta a ser cozinhado no caldeirão daquela sessão xamãnica e nos é compartilhado. O filme é sério e de alguma forma tenta discutir as diferentes percepções que a gente pode ter da realidade.
Corta.
Dia seguinte.
Caminho com muito cuidado para não escorregar nas ruas enlameadas de neve.
Reflito.
Sobre as múltiplas realidades existentes.
Qual será o processo seletivo?
Como é que isso deve funcionar?
Então sou eu quem as inventa ou elas se apresentam prontas?
Creio que estamos sempre fazendo escolhas.
Mesmo quando achamos que não.
E elas devem ter uma relação com a razão, e também com a intuição.
Eu também não me lembro dos meus sonhos.
Dizem que sempre sonhamos, mesmo quando achamos que não.
Acho que deve ter alguma relação com o fato de existir gente que sonha enquanto está acordado, o que é o meu caso.
Sonho durante o dia.
De noite tento dormir.
De noite o órgão responsável pela produção dos sonhos está tão cansado que me boicota.
Que saco!
Queria sonhar.
E lembrar dos meus sonhos.
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