No sábado passando em frente a um Café próximo ao teatro do Chatelet notei um pequeno souris (um camundongo marronzinho e pequeno) encostado na porta de vidro de um café. Ele aguardava uma oportunidade para entrar despercebido e se proteger do frio que fazia do lado de fora. O nome do Café não podia ser mais trágico: le chat noir (o gato negro). Na hora pensei na tragicomédia que a imagem representava. O coitado do souris entrando na casa do gato negro pensando que lá estaria protegido quando seu fim provavelmente seria só uma questão de tempo. Eu disse provavelmente porque ele poderia escapar de seu destino, mas a probabilidade dele se cumprir comme il faut é muito maior.
Escapar do seu destino? Eu pensei isso e continuei a caminhar e a caminhar e a caminhar. Destino. Sempre liguei essa palavra ao conformismo. Mas de uns tempos para cá consigo imaginá-la como um fado. Um fio condutor, uma porta de vidro que vai se abrir. Será que a gente vai moldando nossa vida inconscientemente para que ela no fim se transforme naquilo que de qualquer forma ela teria se transformado sem a nossa interferência? As vezes tenho a impressão de que sim. É isso. Não faça nada e as coisas acontecerão. Outras vezes penso que tenho que fazer algo para que outros algos aconteçam. Faço e desfaço e as coisas acontecem como devem acontecer. Talvez o destino seja não saber e a ignorância seja o que nos faz continuar a tentar.
Conversando com um amigo dos mais racionais, ele me surpreendeu com a seguinte observação: veja as coisas de um outro ângulo, acredite que quando as coisas não acontecem como você quer há motivos para que isso não aconteça. Lá na frente você vai olhar para trás e dizer ainda bem que tal coisa não aconteceu porque eu estaria infeliz hoje. Bom. Pode ser. Quem sabe. Dá para se sentir mais confortável pensando assim, mas é um conforto por conveniência também, que vem com um gostinho de frustração.
Estaria o gato negro de braços abertos a minha espera? O problema talvez seja a porta de vidro. O reflexo. Do lado de fora, só consigo ver a minha própria imagem.
Escapar do seu destino? Eu pensei isso e continuei a caminhar e a caminhar e a caminhar. Destino. Sempre liguei essa palavra ao conformismo. Mas de uns tempos para cá consigo imaginá-la como um fado. Um fio condutor, uma porta de vidro que vai se abrir. Será que a gente vai moldando nossa vida inconscientemente para que ela no fim se transforme naquilo que de qualquer forma ela teria se transformado sem a nossa interferência? As vezes tenho a impressão de que sim. É isso. Não faça nada e as coisas acontecerão. Outras vezes penso que tenho que fazer algo para que outros algos aconteçam. Faço e desfaço e as coisas acontecem como devem acontecer. Talvez o destino seja não saber e a ignorância seja o que nos faz continuar a tentar.
Conversando com um amigo dos mais racionais, ele me surpreendeu com a seguinte observação: veja as coisas de um outro ângulo, acredite que quando as coisas não acontecem como você quer há motivos para que isso não aconteça. Lá na frente você vai olhar para trás e dizer ainda bem que tal coisa não aconteceu porque eu estaria infeliz hoje. Bom. Pode ser. Quem sabe. Dá para se sentir mais confortável pensando assim, mas é um conforto por conveniência também, que vem com um gostinho de frustração.
Estaria o gato negro de braços abertos a minha espera? O problema talvez seja a porta de vidro. O reflexo. Do lado de fora, só consigo ver a minha própria imagem.