“Somewhere” de Sofia Coppola é um belo filme. Se quisesse resumi-lo apenas a impressão superficial eu diria que ele conta a história de uma ator hollywoodiano, Johnny Marco, interpretado por Stephen Dorff que está naquele momento de vida em que o sucesso o entedia e a depressão começa a bater a porta. Mas o filme é muito mais do que isso. É também a história de aproximação entre pai e filha, no filme interpretada pela garota Elle Flanning, menina novata em quem podemos fazer apostas. Num intervalo entre as orgias e as depressões do pai ela aparece no Motel Chateau Marmont, onde ele está hospedado, deixada pela mãe. O universo solitário e mundano do pai - o sexo fácil e por isso mesmo de dar sono a cada nova tentativa, tomar consciencia de ser um astro e não ser nada pode ser a mesma coisa, compras de pacotes de felicidade kitsch vendidos em qualquer esquina de Los Angeles, entrevistas vazias com agentes e compromissos profissionais que só acentuam o ridículo de sua vida - contrasta com a naturalidade e a inocência de Cleo, a filha quase uma estrangeira na vida de Johnny Marco. Esses dias em que eles ficarão juntos servirão como acalanto para a filha em busca da segurança e do amor paterno e também como chance para o pai talvez poder se reinventar. Gosto muito desse olhar feminino perceptível nas imagens de Sofia Coppola, olhar esse muito bem traduzido nos gestos delicados e no comportamento da filha. E ainda quando nos mostra sua visão do mundo macho caricato nas passagens em que Johnny vai receber prêmio na Itália. Impossível não fazer uma leitura do tipo que alguns leitores fazem quando lêem meus livros e perguntam, “mas isso aconteceu com você?, Ah eu te reconheci em tal personagem”. Acredito que Sofia Coppola foi buscar no baú de suas memórias essas maravilhosas cenas melancólicas que ela soube tão bem desenhar. Sensibilidade não tem sido o forte dos últimos filmes americanos há muito tempo, e ela nos dá mostra que isso existe e é possível, mesmo em Hollywood. Um filme de todas as maneiras intimista, que nos prende pelo conjunto de detalhes. Ao contrário de “Maria Antonieta” seu último filme, “Somewhere” é minimalista, e talvez por isso mesmo muito bem elaborado, feito sem pressa e querendo apenas contar uma história que ela parece conhecer bem. E eu o vejo de alguma forma como um road movie, mesmo reconhecendo o que o afasta desse gênero. Papi deve estar orgulhoso.
12.1.11
"SOMEWHERE"
“Somewhere” de Sofia Coppola é um belo filme. Se quisesse resumi-lo apenas a impressão superficial eu diria que ele conta a história de uma ator hollywoodiano, Johnny Marco, interpretado por Stephen Dorff que está naquele momento de vida em que o sucesso o entedia e a depressão começa a bater a porta. Mas o filme é muito mais do que isso. É também a história de aproximação entre pai e filha, no filme interpretada pela garota Elle Flanning, menina novata em quem podemos fazer apostas. Num intervalo entre as orgias e as depressões do pai ela aparece no Motel Chateau Marmont, onde ele está hospedado, deixada pela mãe. O universo solitário e mundano do pai - o sexo fácil e por isso mesmo de dar sono a cada nova tentativa, tomar consciencia de ser um astro e não ser nada pode ser a mesma coisa, compras de pacotes de felicidade kitsch vendidos em qualquer esquina de Los Angeles, entrevistas vazias com agentes e compromissos profissionais que só acentuam o ridículo de sua vida - contrasta com a naturalidade e a inocência de Cleo, a filha quase uma estrangeira na vida de Johnny Marco. Esses dias em que eles ficarão juntos servirão como acalanto para a filha em busca da segurança e do amor paterno e também como chance para o pai talvez poder se reinventar. Gosto muito desse olhar feminino perceptível nas imagens de Sofia Coppola, olhar esse muito bem traduzido nos gestos delicados e no comportamento da filha. E ainda quando nos mostra sua visão do mundo macho caricato nas passagens em que Johnny vai receber prêmio na Itália. Impossível não fazer uma leitura do tipo que alguns leitores fazem quando lêem meus livros e perguntam, “mas isso aconteceu com você?, Ah eu te reconheci em tal personagem”. Acredito que Sofia Coppola foi buscar no baú de suas memórias essas maravilhosas cenas melancólicas que ela soube tão bem desenhar. Sensibilidade não tem sido o forte dos últimos filmes americanos há muito tempo, e ela nos dá mostra que isso existe e é possível, mesmo em Hollywood. Um filme de todas as maneiras intimista, que nos prende pelo conjunto de detalhes. Ao contrário de “Maria Antonieta” seu último filme, “Somewhere” é minimalista, e talvez por isso mesmo muito bem elaborado, feito sem pressa e querendo apenas contar uma história que ela parece conhecer bem. E eu o vejo de alguma forma como um road movie, mesmo reconhecendo o que o afasta desse gênero. Papi deve estar orgulhoso.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário