Faz muito frio hoje em Paris. Passei a manhã em casa lendo, limpando, cozinhando e depois do almoço fui ver a exposição “O tesouro dos médicis” no musée Maillol que fica na Rue de Grenelle, no 7éme arrondissement. Fui a pé daqui de St Paul e voltei a pé. Frio de doer os ossos. A exposição é uma beleza. Rica na variedade de objetos e telas expostos, com textos explicativos sobre a origem de todo o patrimônio dessa família de banqueiros florentinos que “reinou” através de várias gerações. Ultrapassaram os limites territoriais florentinos, deram duas rainhas para a França (tornaram-se rainhas em razão do falecimento de seus maridos reis franceses Maria e Catarina), dois papas, Leo X e Clemente VII, este último mecenas de Michelangelo. Bota história e riqueza nisso. Mas o que impressiona é a veia do mecenato, que atravessou as gerações dos médicis, o interesse pelo belo e pela arte, o olhar para o futuro, para a preservação cultural. Alguém poderia ter a idéia de fazer um tipo de transfusão genética e botar um pouco do gen dos Médicis no dna de muita família bilionária no Brasil. Um pouco menos do que está sobrando nos bancos e mais dinheiro para escritores e outros artistas em geral. Eu sou candidato, preciso urgente de um mecenas. Bom. Voltando para a terra e para a exposição. Ela tem um problema. O espaço escolhido para mostrá-la. O musée Maillol tem um salão no térreo que já não é muito grande, e quando você chega no primeiro andar, onde a exposição continua, o problema se agrava. As salas são pequenas e divididas e falta espaço não apenas porque havia a França inteira hoje a tarde lá dentro, mas também porque você precisa de distanciamento para poder enxergar algumas obras. Mas melhor lá do que não vê-la.
Na fila para comprar os bilhetes, do lado de fora, uma mãe e seus dois filhos adolescentes se posicionaram atrás de mim. O garoto que devia ter aproximadamente uns 14 anos havia tirado o dia para encher o saco da sua irmã. A menina, mais nova que ele, reclamava com a mãe não paenas do irmão mas de “cette merde d’exposition” que ela não queria ver. A mãe falava no celular histericamente com o marido, insisitndo para que ele viesse de carro porque ela não queria pegar o metro para voltar para casa (viu só, cabeça de classe média é globalizada). O irmão então engrossou a voz e começou a imitar um desses narradores de programas de arte, dizendo mais ou menos o seguinte: bienvenu a exposição dos médices no museu maillol, esta é a exposição mais longa da história das exposições, você precisará de aproximadamente um mês, vinte dias e 12 horas para conclui-la, se for menor e se chamar Marie (esse o nome de sua irmã) terá que revisitá-la já que não tem cérebro suficientemente desenvolvido para comprender o que vai ver... Foi o divertimento para os que esperavam no frio para comprar o bilhete. De vez em quando, mas muito raramente, aborrecentes podem ser engraçados, na maior parte do tempo são um saco.
Na fila para comprar os bilhetes, do lado de fora, uma mãe e seus dois filhos adolescentes se posicionaram atrás de mim. O garoto que devia ter aproximadamente uns 14 anos havia tirado o dia para encher o saco da sua irmã. A menina, mais nova que ele, reclamava com a mãe não paenas do irmão mas de “cette merde d’exposition” que ela não queria ver. A mãe falava no celular histericamente com o marido, insisitndo para que ele viesse de carro porque ela não queria pegar o metro para voltar para casa (viu só, cabeça de classe média é globalizada). O irmão então engrossou a voz e começou a imitar um desses narradores de programas de arte, dizendo mais ou menos o seguinte: bienvenu a exposição dos médices no museu maillol, esta é a exposição mais longa da história das exposições, você precisará de aproximadamente um mês, vinte dias e 12 horas para conclui-la, se for menor e se chamar Marie (esse o nome de sua irmã) terá que revisitá-la já que não tem cérebro suficientemente desenvolvido para comprender o que vai ver... Foi o divertimento para os que esperavam no frio para comprar o bilhete. De vez em quando, mas muito raramente, aborrecentes podem ser engraçados, na maior parte do tempo são um saco.
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