21.1.11

VISTO DO LADO DE CÁ

Gostei muito do último filme do Clint Eastwood. Aqui ele saiu com o nome “Au Dela”, título bem parecido com o brasileiro “Além da vida”. Ainda no campo da realização do filme, sem entrar no mérito do tema, roteiro, direção, imagens, cortes nas cenas, construção da história, eu o classificaria como um dos seus melhores filmes. Impecável costura de todas essas qualidades no tempo certo. Você respira, porque o filme te convida a respirar no mesmo ritmo em que ele foi feito, e passa a ser mais um dos que querem saber o que os que estão do lado de lá têm para contar. Memorável a cena inicial do tsunami. As coisas vão se encaixando como um quebra cabeça, devagar e quase por acaso. Agora no campo da história. Crença, religião, não sei como você vê ou se acredita que algumas poucas pessoas têm o dom de falar com os mortos ou prever o futuro. Eu às vezes acredito e às vezes não acredito. Na maior parte do tempo eu desconfio. Mas também já vivi histórias que não poderia descrever como puro acaso. Não vamos saber. Nunca. E talvez nem depois de morrer, já que de acordo com muita gente, talvez não exista mais nada, a gente volta para o pó de onde nascemos e ponto final. Porque aprendemos a só acreditar naquilo que podemos provar ou ver, tudo o que disser respeito a sentir, a gente desconfia. Mesmo que a intuição seja forte, desconfiamos dela. E o filme do jeito que é contado tem o mérito de expor exatamente isso. Não é neutro, mas também não é apelativo. E eu fiquei pensando que é difícil fazer um filme com esse tema sem fazer as coisas se encaixarem e chegarem ao final do jeito que ele chega. Por que não? Vá e confira você mesmo.

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