11.1.11

AMANHÃ.

Na madrugada não conseguia dormir. A insônia veio me visitar. Três e meia da manhã é muito cedo para abrir os olhos. Respostas não tenho, mas perguntas. Muitas. Que se multiplicam umas depois das outras formando uma fileira imensa de perguntas-ovelhinhas que de tão numerosas me fazem perder a conta. Preenchem o vazio do studio. Fico quieto e as observo. Viro a barriga para cima e olho para o teto. Não gosto desse estado das coisas. Dessas ovelhas-perguntas me instigando em período integral, fazendo fila só para me enlouquecer. Às vezes acho que posso intuir as respostas, ouço minha própria voz dizendo isso ou aquilo. Outras vezes desconfio, acho que minha mente me envia as respostas que eu gostaria de ouvir. Não sei bem distinguir. De qualquer forma dessa vez a mente não está disposta a contribuir. Não sei. Está tudo bien caché. Não consigo vislumbrar nem mesmo uma imagem em que feita uma leitura eu buscaria a interpretação. O texto dessa vez também não existe. Novos códigos. Sim. Talvez. Devo entender os novos códigos. Decodificá-los. Respirar fundo. Tento. Respiro. Respiro. Respiro e não faz a menor diferença. Deveria. Sim. Fazer diferença. Ter quase cinqüenta anos de experiências múltiplas, deveria funcionar ao menos para enquadrar essas ovelhas-perguntas num curralzinho. Mas não faz. A menor diferença. Ligo a tv. Desligo a tv. Levanto-me. Visto-me e saio. Para onde? Não importa: ande. Rue St Antoine, Place de Voges, Rue Turenne, Rue de bretagne, volte, você está indo longe de mais, Republique, pegue a esquerda, Halle, Eglise St Eustache, você está louco, Rue de Rivoli, Hotel de Ville, Notre Dame, Ile de Saint Louis, Institut du monde árabe, pare, Jardin de Plantes, pare, sente, o dia vai começar a nascer e o sol vem daí desse lado. Pare. Sente. Espere.

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