Pode ser diferente. Essa foi a frase que entrou na minha cabeça hoje no decorrer do dia. Alguém a colocou suavemente dentro dela sem que eu me desse conta e eu a compreendi claramente. Você deve estar se perguntando do que eu estou falando, e eu vou te responder da seguinte forma: falo de uma certeza que não é palpável mas intuitiva, e porque as coisas mais importantes que aprendi durante a minha vida não aprendi por meio da razão, mas desse jeito perceptivo, recebi esse recado e o aceitei. Então respirei fundo. Tomei um banho para ir encontrar um amigo e ir ao cinema. Antes de sair liguei para minha amiga Lêda aí no Brasil que de alguma forma, sem saber que eu já havia escutado essa frase me repetiu a mesma coisa em outras palavras com sua voz doce e acolhedora. Desliguei e mais uma vez respirei fundo. Dessa vez mandei para dentro de mim essa certeza, para que todos os órgãos do meu corpo pudessem também registrá-la. Pronto. Está dentro de mim e assim será. Diferente.
Fui ver “O discurso do Rei”. Gostei e não gostei. Gostei de quase todo o elenco de atores, menos do sujeito que fez o Churchil, ah por favor, o que é aquele ser caricato e rígido? O filme tem algo de didático e indutivo que me incomoda bastante. Mas não o acho monótono nem chato, apesar de acreditar que teria sido possível contar a mesma história de um jeito menos caricatural. Gosto bastante do ator Colin Firth na pele do rei, ele já foi muito bem no “The single man” e contribui bastante para a credibilidade desse filme. Vale a sessão e o ingresso, mas não vale tanta indicação para Oscar (se isso ainda tem alguma importância para qualquer ser com um mínimo de senso crítico).
Ontem fui a um bar em Pigalle encontrar um amigo italiano que é professor de lingüística na universidade da Sardenha e que está de passagem por Paris. Marcamos de nos encontrar num bar bastante diferente de tudo o que já vi por aqui, o “Marluce et Lapin” que tem no fundo uma sala com uma cama onde as pessoas sentam e deitam enquanto conversam e bebem e onde a bebida custa bem menos do que em outro bares. Além de nós dois haviam mais três outras pessoas que formavam o grupo. O papo foi dos mais ecléticos, Marco é especialista em linguagem das canções da idade média, e um sujeito bem bacana para conversar, de humor refinado e nada formal, que ama um bom rock da pesada e toca guitarra num grupo chamado blue velvet. Em algum momento a conversa foi parar em Céline, escritor não apenas conhecido pela qualidade dos seus textos, mas também por suas idéias anti-semitas, além de ter sido acusado por Sartre de ter colaborado com os nazistas. Alguém no grupo se saiu com a seguinte idiotice: antes de julgar Céline deveriam ter julgado Gide pelos seus atos sodomitas e pedofilia. Na hora pensei “será que já bebi demais e o cara falou uma coisa e eu entendi outra?” Mas não. Ele havia falado essa bobagem expondo seu caráter preconceituoso e reacionário. Marco olhou para mim que olhei para ele, vi através dos meus olhos embaçados de raiva que o sangue do italiano estava na garganta e que o sujeito não teria chance. O que uma coisa tem a ver com a outra?, pensamos juntos enquanto nos olhávamos. Para ser breve: em poucos minutos e duas frases ele foi nocauteado. Oh Dio mio, vaffanculo!
Fui ver “O discurso do Rei”. Gostei e não gostei. Gostei de quase todo o elenco de atores, menos do sujeito que fez o Churchil, ah por favor, o que é aquele ser caricato e rígido? O filme tem algo de didático e indutivo que me incomoda bastante. Mas não o acho monótono nem chato, apesar de acreditar que teria sido possível contar a mesma história de um jeito menos caricatural. Gosto bastante do ator Colin Firth na pele do rei, ele já foi muito bem no “The single man” e contribui bastante para a credibilidade desse filme. Vale a sessão e o ingresso, mas não vale tanta indicação para Oscar (se isso ainda tem alguma importância para qualquer ser com um mínimo de senso crítico).
Ontem fui a um bar em Pigalle encontrar um amigo italiano que é professor de lingüística na universidade da Sardenha e que está de passagem por Paris. Marcamos de nos encontrar num bar bastante diferente de tudo o que já vi por aqui, o “Marluce et Lapin” que tem no fundo uma sala com uma cama onde as pessoas sentam e deitam enquanto conversam e bebem e onde a bebida custa bem menos do que em outro bares. Além de nós dois haviam mais três outras pessoas que formavam o grupo. O papo foi dos mais ecléticos, Marco é especialista em linguagem das canções da idade média, e um sujeito bem bacana para conversar, de humor refinado e nada formal, que ama um bom rock da pesada e toca guitarra num grupo chamado blue velvet. Em algum momento a conversa foi parar em Céline, escritor não apenas conhecido pela qualidade dos seus textos, mas também por suas idéias anti-semitas, além de ter sido acusado por Sartre de ter colaborado com os nazistas. Alguém no grupo se saiu com a seguinte idiotice: antes de julgar Céline deveriam ter julgado Gide pelos seus atos sodomitas e pedofilia. Na hora pensei “será que já bebi demais e o cara falou uma coisa e eu entendi outra?” Mas não. Ele havia falado essa bobagem expondo seu caráter preconceituoso e reacionário. Marco olhou para mim que olhei para ele, vi através dos meus olhos embaçados de raiva que o sangue do italiano estava na garganta e que o sujeito não teria chance. O que uma coisa tem a ver com a outra?, pensamos juntos enquanto nos olhávamos. Para ser breve: em poucos minutos e duas frases ele foi nocauteado. Oh Dio mio, vaffanculo!
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